Folha de S. Paulo


Facebook vai entregar ao Congresso dos EUA anúncios pagos por russos

Loic Venance - 28.dez.2016/AFP
Facebook declara que vendeu anúncios a perfis falsos russos usados na campanha eleitoral dos EUA
Facebook declara que vendeu anúncios a perfis falsos russos usados na campanha eleitoral dos EUA

O Facebook afirmou nesta quinta-feira (21) que vai entregar ao Congresso dos EUA 3.000 anúncios políticos pagos por russos para divulgação nos meses anteriores e posteriores à eleição americana de 2016.

A admissão pelo Facebook, no último dia 6, de que agentes russos compraram secretamente anúncios no site durante a eleição americana colocou a rede social no centro da investigação conduzida pelo promotor especial Robert Mueller 3º sobre a suposta interferência russa na eleição.

Sob pressão para fazer mais a fim de prevenir que a rede social fosse usada para manipulação de eleições, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse em uma transmissão ao vivo nesta quinta-feira que apoia a investigação do Congresso.

Os comitês de inteligência da Câmara e do Senado investigam a suposta interferência de Moscou na disputa presidencial que elegeu o republicano Donald Trump, cuja campanha tem laços ainda mal explicados com nomes ligados ao governo russo.

O Facebook já havia mostrado a membros do Congresso amostras de alguns anúncios, alguns dos quais atacavam a candidata democrata, Hillary Clinton, e elogiavam Trump.

Segundo a empresa, 470 páginas associadas aos anúncios foram fechadas por violarem a política do Facebook.

Os anúncios estariam ligados a uma empresa russa chamada Internet Research Agency, conhecida por usar contas falsas para publicar em redes sociais e fazer comentários em sites de notícias, a maioria pró-Kremlin.

O Congresso e o FBI (polícia federal americana) investigam a interferência russa nas eleições, e a possível ligação de integrantes da equipe de campanha de Donald Trump com esses esforços.

Em julho, o "New York Times" havia revelado que Donald Trump Jr., filho do presidente, se reunira, em junho de 2016, com Natalia Veselnitskaya, advogada ligada ao Kremlin. Participaram também do encontro Jared Kushner, genro e assessor de Trump, e Paul J. Manafort, o homem então à frente da campanha do republicano.

Trump Jr. confirmou a reunião na Trump Tower, mas mudou a versão sobre seu conteúdo em menos de 24 horas. Primeiro, ele disse que a advogada queria debater a suspensão, por Moscou, do programa para a adoção de crianças russas. Depois, admitiu que o encontro seria para receber denúncias sobre a democrata.

Segundo Trump Jr., Veselnitskaya fez apenas declarações "vagas, ambíguas e sem sentido".

O encontro de junho foi marcado por intermédio do cantor pop Emin Agalarov, uma estrela na Rússia e filho do bilionário Aras Agalarov, que tem relações próximas com o presidente Vladimir Putin. A família Agalarov foi importante patrocinadora na Rússia, em 2013, do Miss Universo, uma marca das organizações Trump.


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