Folha de S. Paulo


Marinha mexicana anuncia que não há menina nos escombros de escola

Autoridades mexicanas afirmaram nesta quinta-feira (21) que não há uma criança viva presa nos escombros da escola Enrique Rebsamén, na Cidade do México. Desde a quarta-feira (20), circulavam entre os membros de equipes de resgates e entre pessoas que estão próximas ao local informações dando conta de que uma menina de 12 anos, de nome Sofía ou Frida Sofía, estava viva nos escombros, o que não se confirmou.

Segundo Enrique Sarmiento, secretário-assistente da Marinha mexicana, há traços de sangue e outros sinais de que possa haver uma pessoa viva no local, mas que todas as crianças do colégio já foram identificadas - 21 morreram e as demais estão internadas ou em casa. Quatro adultos também morreram no desabamento da escola.

A suposta criança tinha se tornado um símbolo de esperança na ressaca da tragédia que matou 250 pessoas no país, mais de cem na capital. Mas desde o início das buscas nos escombros, equipes de resgate vinham dando informações desencontradas.

O corpo de uma mulher de 58 anos foi encontrado nos destroços nas primeiras horas desta quinta (21).

Os momentos de silêncio, quando todos levantam o punho, pedindo que tudo pare até que se ouçam possíveis sinais de vida dentro dos destroços, vêm se tornando cada vez mais frequentes ao redor da escola Enrique Rebsamén.

Também está mais intensa a movimentação, com grupos de familiares que entram e saem da área isolada, médicos e soldados pedindo remédios e a ajuda de tradutores –uma brigada de resgate alemã acaba de se juntar aos esforços.

"Sinto que eles estão tão perto, mas ao mesmo tempo estão muito longe. O tempo passa muito devagar", dizia Jorge Ramírez, um voluntário esperando para entrar nos escombros, com lágrimas nos olhos. "Fico só tentando ler o rosto dos que saem de lá, com cara de más notícias. Queria entrar nem que fosse para levantar só uma pedra."

Lourdes Huerta, mãe de uma aluna do Enrique Rebsamén, esperava em frente à porta da City College, uma escola vizinha, para se registrar num censo que está sendo organizado a pedido do colégio que desabou. "É para saber quem está vivo e não está", disse à filha Lulu, de dez anos.

"Eu me lembro de tudo que aconteceu, tudo que vi. De repente tudo começou a tremer, as paredes balançavam de um lado para o outro, e a professora mandou todo mundo descer rápido. Mas nem todos conseguiram sair na hora. Fiquei no andar de cima até poder descer e uma amiguinha minha desmaiou", contou a menina, que disse não saber quem seria a criança ainda presa nos escombros.

"No dia da catástrofe, reunimos todos os alunos aqui", disse o diretor da escola vizinha, Fernando Ramírez, apontando para o pátio do City College. "Não sabemos como está a situação nos escombros, mas agora estamos dando esse apoio, para ajudar a saber quem está desaparecido e encontrar familiares de crianças levadas para o hospital."

Editoria de Arte/Folhapress

Enquanto isso, outro prédio, a uma quadra da escola, ameaça desabar, causando correria entre policiais e homens da Marinha na manhã desta quinta, que isolaram a construção para evitar que a queda de partes do prédio possa ferir ainda mais gente.

Atrás do cordão de isolamento formado por policiais, voluntários e jornalistas se espremem por notícias.

Civis que em grande parte substituíram o trabalho das autoridades nas ações de resgate ainda coordenavam a chegada de medicamentos, mantas, comida e outros mantimentos.

Em toda a cidade, esses canteiros de obras que se formaram em torno de escombros acabam lembrando uma enorme cirurgia coletiva, em que voluntários gritam pelas ferramentas que precisam, detonando um alvoroço no entorno, até que comecem a chegar pás, penicos, remédios, marretas e machados.

De acordo com a prefeitura, 52 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros que pontuam a Cidade do México, um parque de prédios estrebuchados. Plantões de notícias interrompem os talk shows da manhã com histórias de resgate que parecem longe de terminar.

Editoria de Arte/Folhapress
Mapa do estrago - terremoto na cidade do México

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