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México fez exercício de simulação de terremoto duas horas antes de abalo

Alfredo Estrella/AFP
Moradores da Cidade do México participam de exercício de simulação de terremoto na terça-feira (19)
Moradores da Cidade do México participam de exercício de simulação de terremoto na terça-feira (19)

Os moradores da maioria dos Estados do México haviam feito nesta terça-feira (19) um exercício geral de simulação de terremoto às 11h (13h em Brasília), pouco mais de duas horas antes do terremoto de magnitude 7,1 que atingiu o país.

O ensaio de esvaziamento de prédios e casas é uma prática do chamado Dia Nacional da Defesa Civil, comemorado em 19 de setembro em memória ao terremoto de 1985, que deixou ao menos 10 mil mortos na capital e na região central —a mesma atingida nesta terça.

Para o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, a realização do exercício pode ter levado a que algumas pessoas tenham permanecido em casa por acharem que houvesse um erro nos alarmes sismológicos.

A simulação havia sido cancelada em cinco Estados pelo risco de pânico entre a população ainda afetada pelo terremoto do dia 7 : Oaxaca, Michoacán, Guerrero, Puebla e México.

Embora a magnitude tenha sido mais baixa que os dos tremores de 32 anos atrás (8) e do dia 7 (8,1), este foi o mais próximo da capital mexicana. O primeiro foi registrado no mar perto de Lázaro Cárdenas, no Estado de Michoacán, a 400 km da Cidade do México.

O epicentro do seguindo foi perto de Pijijiapan, no Estado de Chiapas, a 700 km. Na ocasião, os danos registrados foram menores e as mais de 2.300 réplicas dos últimos 12 dias foram sentidas de forma leve na metrópole, diferentemente do que ocorreu na região atingida, no sudoeste mexicano.

Editoria de Arte/Folhapress

Ao canal Milenio, a chefe do Serviço Sismológico Nacional, Xyoli Pérez, disse que não há relação entre os abalos desta terça e do dia 7. Além da proximidade, ela afirma que o solo da região deve contribuir para que os danos sejam maiores.

A Cidade do México e sua região metropolitana, que tem 25 milhões de habitantes, foram assentados sobre o lago de Texcoco, em um solo instável. Exemplos de sua fragilidade são a Catedral e a Basílica de Guadalupe, que estão afundando.

Na entrevista, Pérez reiterou que não é possível prever um terremoto, mas o Serviço Sismológico estimava que, devido à acomodação das placas tectônicas, o México poderia sofrer um terremoto de alta magnitude.

A chefe do órgão havia comentado essa possibilidade em entrevista à Folha, no dia 12. "Não podemos prever quando vai acontecer, mas pode ser em dias, semanas ou anos."

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