Folha de S. Paulo


Cidade mais atingida por terremoto no México se concentra agora na limpeza

O movimento era intenso na entrada de Juchitán, no México, na noite deste domingo (10). Táxis e tuk-tuks disputavam clientes e um grupo comia tacos de pastor (similar a churrasco grego) tomando cerveja.

Cinco quadras para baixo, porém, ainda é possível ver casas com suas frentes desveladas após o terremoto de magnitude 8,1 que matou ao menos 65 pessoas nesta cidade de Oaxaca -e 25 no resto do país.

As polícias Municipal, Estadual e Federal e as Forças Armadas fazem cerco em toda a região destruída, onde poucas ruas têm energia.

Os agentes dizem ter tirado todos os que poderiam estar presos nos destroços nos prédios da área, e agora se concentram nos trabalhos de limpeza. Um dos locais onde há mais atividade é o Palácio Municipal. Metade da sede da prefeitura foi abaixo e os escombros caíram no mercado ao lado. A retirada do entulho e as interdições não impediram que se formasse uma feira em frente aos prédios.

Ambulantes vendiam frutas, doces, comidas típicas e sanduíches. Outra barraca tinha bandeiras do México e adornos com suas cores, lembrando que, no próximo sábado (16), comemora-se a independência.

Outro indício das festas pátrias -principal feriado mexicano- é que, apesar do risco de vazamento de gás e da presença ostensiva das forças de segurança, era possível ouvir fogos em várias partes da cidade.

A Folha chegou à cidade após percorrer os 278 km que a separam de Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas, Estado onde o terremoto teve seu epicentro, pontilhados de povoados separados por uma sequência de campos verdes.

Na via, as casas parecem ter resistido mais que a estrada. Houve deslizamentos de terra e pedras, algumas tão grandes que cobriam toda a pista, obrigando os motoristas a desviarem à beira de um precipício.

Por outro lado, as residências de tijolo sobre tijolo e inclusive algumas de pau a pique se mantinham de pé. A cena se repete em Tuxtla Gutiérrez, salvo em seus prédios históricos, que precisarão de anos de restauração.

Apesar dos danos reduzidos, os moradores continuaram dormindo do lado de fora das casas, assim como em Juchitán, por medo das réplicas —a mais forte deste domingo, de magnitude 5,3, foi às 4h (6h em Brasília).

Quem ficar fora de casa, porém, enfrentará as fortes chuvas previstas para até terça (12) em Chiapas e Oaxaca.


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