Folha de S. Paulo


Maduro diz ser a favor de destituir governadores contrários à Constituinte

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira (7) ser favorável a depor os governadores que não acatarem as decisões da Assembleia Constituinte convocada por ele e composta integralmente por seus aliados.

"As governadoras e os governadores eleitos [na votação de outubro] têm de se subordinar ao Poder Constituinte, se não deveriam ser destituídos de imediato, uma pequena opinião que deixo na mesa", afirmou, aos constituintes.

Presidência da Venezuela/Reuters
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa durante sessão da Constituinte nesta quinta (7)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa durante sessão da Constituinte nesta quinta (7)

A declaração é uma referência a seus adversários, que não reconhecem a Casa chavista e a consideram uma fraude. Embora rejeitem a troca da Constituição, os opositores se candidataram às eleições para governador.

Para o mandatário, a participação no pleito significa a anuência às decisões da Constituinte e sua convocação de um exemplo de que "a democracia e a liberdade reinam na Venezuela".

Apesar de Maduro ter dito se tratar de uma opinião, os constituintes têm aprovado todas as medidas que ele apresenta. Se a sugestão virar lei, cria-se um novo empecilho à coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD).

No início de agosto, o regime anunciou que os candidatos precisam do aval da comissão da verdade da Constituinte, que diz julgar "a violência política" durante o chavismo —os opositores a veem como um tribunal de exceção.

Não se sabe ainda quais serão os critérios para a permissão ou o veto. Outra barreira é a decisão do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) que impede a MUD de se candidatar como coalizão em sete Estados venezuelanos.

Os opositores farão primárias no próximo domingo (10) para definir seus candidatos. A data da eleição regional não foi oficialmente anunciada, mas o órgão eleitoral estima que ela deva ocorrer em 15 ou 22 de outubro.

OPOSIÇÃO

No discurso, Maduro voltou a atacar o presidente da Assembleia Nacional opositora, Julio Borges, que nesta semana foi recebido por chefes de governo europeus para denunciar a situação política e humanitária na Venezuela.

Para o mandatário, as reuniões na Europa provam que o adversário deve ser condenado por traição à pátria. "Julio Borges deveria ser julgado pelas leis da República e castigado severamente por ser um traidor", disse.

"Não me importa o que diga a [chanceler alemã, Angela] Merkel ou a rainha da Inglaterra, temos que fazer justiça na Venezuela. Aqui o Estado não é controlado a partir de Londres, nem de Madri e nem de Washington."

Há duas semanas o ditador também havia dito que o opositor deveria ser condenado por traição à pátria ao acusá-lo de articular as sanções contra o regime com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Borges já é acusado pela comissão da verdade da Constituinte de ser responsável pela violência nas manifestações da oposição e de crime financeiro por pedir a investidores estrangeiros que parassem de comprar títulos.


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