Folha de S. Paulo


Orlando vira refúgio, e Miami se prepara para chegada do furacão Irma

Carlo Allegri/Reuters
Clientes passam por prateleiras vazias em supermercado em Miami, na Flórida, nesta quinta-feira (7)

Às vésperas da chegada do furacão Irma aos EUA, a cidade de Orlando tem parques de diversões cheios, supermercados com prateleiras vazias e até torna-se uma espécie de refúgio para moradores de outras regiões da Flórida.

A previsão é que o furacão passe pela região central do Estado durante o fim de semana, de acordo com o Centro Nacional de Furacões do país. Em Orlando, deve passar com menos força do que em outros lugares da Flórida.

O empresário Dionísio Freire, 37, e a mulher, Erika Freire, 36, fugiram na noite de quarta (6) junto com as duas filhas e cachorros da casa onde moram há um ano, em Boca Raton (a 70 km de Miami) para um hotel em Orlando.

"Ficamos preocupados com as consequências da tempestade, como falta de energia e água", diz à Folha. "Viemos para cá porque ainda dá para curtir os parques com os filhos. Na pior das hipóteses, iremos para Atlanta."

Júlia Zaremba/Folhapress
Dionísio e Erika Freire viajaram com as duas filhas e Melissa Tamassia, irmã de Erika, para Orlando
Dionísio e Erika Freire viajaram com as duas filhas e Melissa Tamassia, irmã de Erika, para Orlando

Moradora de Orlando há sete anos, a consultora Andreia Guimarães, 29, também ficará na cidade durante a passagem da tempestade. Mas por outros motivos.

"Sair daqui nesse momento é impossível. As rodovias estão lotadas e tenho que trabalhar", afirma. "Estou preocupada, mas com os pés no chão. É uma espécie de caos controlado." Ela diz que o governo ofereceu sacos de areia para moradores protegerem as casas contra enchentes.

O excesso de precaução, contudo, já causou alguns transtornos para turistas e locais. A corrida para estocar água e combustível levou a um aumento no valor desses itens. Guimarães conta que o galão de gasolina subiu 40 centavos de dólar em alguns estabelecimentos.

A advogada Patrícia Magalhães, 38, e o marido, o administrador Guilherme Magalhães, 46, que vivem em Santos (SP) e estão em Orlando com os filhos de férias, só puderam comprar duas garrafas de água cada em um supermercado. O voo de volta da família para o Brasil está marcado para esta sexta (8). "Ficamos apreensivos, não era o fim de férias que queríamos, mas mantivemos a programação", conta ele.

Em Miami, a brasileira Miriam Friedman, 65, diz estar acostumada com a temporada dos furacões. Ela conta que pegou um furacão categoria 5, o Andrew, logo que se mudou para a Flórida, em 1992.

"Daí pra frente aprendi que todo ano, entre maio e novembro, todo mundo compra latinha de sopa pronta, bastante vela, bateria, e se prepara pro furacão", afirma, por telefone, à Folha.

Quem está achando tudo diferente é Sylvia Kresch, 75, irmã de Miriam. Ela chegou na quarta-feira, para passar pouco mais de uma semana com a irmã. "Agora tem sol, nem se pensa que daqui a dois dias vai passar um tufão por aqui", diz ela.

O aeroporto internacional de Orlando anunciou que não realizará voos comerciais a partir das 17h deste sábado (9), sem previsão de reabrir.

O Walt Disney World informou que opera em condições normais e que está monitorando o furacão. Até agora, anunciou apenas que o Blizzard Beach ficará fechado durante a sexta e o sábado. O Sea World Parks, por sua vez, não divulgou mudanças na programação dos parques.

Colaborou GUILHERME MAGALHÃES, de São Paulo.


Endereço da página:

Links no texto: