Folha de S. Paulo


Água rompe dique de proteção no Texas; número de mortos sobe para 18

As chuvas causadas pela tempestade tropical Harvey fizeram a água transbordar as barreiras de proteção contra inundações próximas a cidade de Houston, no Texas, nesta terça-feira (29).

As autoridades confirmaram a morte de 18 pessoas até o momento na região. Com o objetivo de evitar roubos, o prefeito de Houston, Sylvester Turner, anunciou ainda um toque de recolher para toda a cidade a partir das 22h locais (0h de Brasília) até as 5h (7h).

Até o momento, moradores de seis bairros de Houston e de um outro município na região foram ordenados a deixarem suas casas.

O caso mais grave até o momento ocorreu no condado de Brazoria (a 80 quilômetros de Houston), onde uma dique de contenção foi rompido pela água.

Com isso, as autoridades locais pediram que os moradores de Columbia Lakes deixem suas casas imediatamente e se refugiem em locais mais altos do município.

"Eles precisam sair. Devem ir para um ponto mais alto no [bairro de] Angleton", disse Matt Sebesta, um dos representantes do condado.

Além disso, a água também transbordou um reservatório em Houston e pode fazer o mesmo com um segundo em breve. Assim, a população que mora próxima aos reservatórios de Addicks e Barker teve que deixar suas casas.

Pelo menos seis bairros foram afetados.

Os dois reservatórios liberam água para o rio Buffalo Bayou, que passa pelo centro de Houston. Na segunda, ambos tinham sido abertos para uma saída controlada de água, uma tentativa de impedir que eles transbordassem.

De acordo com o jornal "The Washington Post", a altura da água em cada um dos reservatórios já ultrapassou os 30 metros.

"Isto é algo que nunca vimos antes. Temos muitas incertezas de como a água vai reagir", disse Jeff Linder, que atua no controle de água do condado de Harris, onde fica Houston.

Há 12 anos, o rompimento dos diques de proteção em Nova Orleans foram o principal problema após o furacão Katrina atingir a cidade.

Na ocasião, 1.833 pessoas morreram —40% delas afogadas— e cerca de 80% da cidade ficou debaixo de água.

Além do problema com as barreiras, a região que fica próxima a industria química de Arkema teve que ser esvaziada devido ao risco de explosão. Todos os moradores em um raio de 2,4 quilômetros foram informados que devem deixar o local.

Editoria de Arte/Folhapress
Maiores tempestades nos EUA

MORTES

As autoridades de cidades da região anunciaram ter encontrado os corpos de mais 11 pessoas nesta terça, elevando para 18 o número de mortos pelo fenômeno meteorológico confirmados pelas equipes de resgate até o momento.

À noite, o condado de Harris confirmou mais três mortes. O corpo de Agnes Stanley, 89, foi encontrado em casa e dois outros foram resgatados ao lado de carros —o de Travis Lynn Callihan, 45, e o de uma mulher de 45 anos.

Uma mulher ainda não identificada foi encontrada morta em Beaumont, após o carro em que estava ser sugado por um canal de escoamento das águas. Sua filha, que estava no veículo, foi resgatada com vida pelos bombeiros.

Horas antes, o condado de Harris confirmou a morte de um homem de 64 anos identificado como Alexander Kwoksum Sung, cujo corpo foi encontrado em uma loja de conserto de relógios em Houston que também foi inundada.

As equipes de resgate ainda recuperaram o corpo de um barqueiro que ajudava as pessoas presas no alagamento em Friendswood e de uma mulher de 83 anos presa em um carro no condado de Walker, ao norte de Houston.

Durante a manhã, o condado de Harris anunciou a morte do sargento Steve Perez, 60, que teve o carro atingido pelas águas quando foi atender a um chamado.

A polícia investiga ainda um caso de uma família de seis pessoas que estaria em uma van arrastada pela correnteza. Familiares disseram a agência de notícias Associated Press que não esperam encontrá-los vivos.

ABRIGOS

Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, a chuva no Texas é a maior da história nos Estados Unidos continental.

Caíram até a tarde desta terça 131,7 centímetros de água, ultrapassando a marca anterior de 122 centímetros causada por um furacão em 1978 na cidade de Medina, também no Texas. Apenas o Havaí, que sofreu uma precipitação de 132 centímetros em 1950, teve uma chuva maior do que a de Houston.

O prefeito de Houston abriu um novo abrigo, com capacidade para 10 mil pessoas, e abriu 500 novas vagas no centro de convenção George R. Brown, que já funcionava com o dobro da capacidade. "Nós não vamos abandonar ninguém, mas isso significa que precisamos expandir nossa capacidade e nossa competência", disse ele.

Pelo menos 17 mil pessoas já procuraram abrigos na cidade, de acordo com a Cruz Vermelha. Além disso, cerca de 13 mil moradores já foram resgatados pelas equipes de salvamento.


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