Folha de S. Paulo


Procuradora deposta faz campanha contra Maduro, diz sucessor chavista

O procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte da Venezuela, Tarek William Saab, disse nesta quarta-feira (23) que são nulas as acusações de sua antecessora, Luisa Ortega Díaz, ao ditador Nicolás Maduro e seus aliados.

Em entrevista coletiva, ele considerou que as denúncias fazem parte de uma campanha de descrédito contra o regime. "Essas supostas provas só teriam validade se ela as tivesse apresentado ao sistema de justiça [venezuelano]."

Andrés Martínez Casares/Reuters
Tarek William Saab, procurador-geral designado pela Constituinte, concede entrevista em Caracas
Tarek William Saab, procurador-geral designado pela Constituinte, concede entrevista em Caracas

Sem apresentar provas, Saab acusou-a de arquivar processos contra corrupção, crimes financeiros, tráfico de drogas e direitos humanos. "Dez anos depois e fora do país você vem falar do que não fez e daquilo que foi cúmplice."

E associou os arquivamentos a uma suposta rede de extorsão que seria liderada pelo Germán Ferrer, marido de Ortega Díaz. A acusação, feita pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello, levou à ordem de prisão contra o dissidente que levou o casal a deixar o país.

"Aqui houve plena intenção de atuar manipulado provas para propiciar a extorsão e a proteção de grupos e empresas muito poderosas. E mais grave: o uso da investigação com fins seletivos e o uso de vítimas para propaganda."

Dentre os que ele afirma não terem prosseguido, estariam 80% de ações relacionadas à violação das regras do câmbio estatal e 57% das ligadas ao tráfico de drogas.

Saab voltou a atribuir Ortega Díaz a coautoria das mortes nos protestos como Maduro por chamar a decisão judicial de março que tirou poderes do Legislativo opositor de 'ruptura constitucional' —a sentença, embora revertida, desatou as manifestações.

"Cada uma de suas declarações levou a delitos, mortos que ficarão para a história da Venezuela. Aqui, com provas nas mãos, estamos revelando algo que deve ser difundido e conhecido por toda a comunidade internacional", disse.

O procurador designado e outros membros do chavismo consideram que a maioria das mortes nas manifestações foi provocada pela oposição. Entretanto, a ONU e ONGs de direitos humanos atribuem 73 dos 125 assassinatos às forças aliadas ao regime.

As declarações foram feitas após a procuradora deposta anunciar que o sucessor apontado pela Constituinte chavista é citado em seis processos de corrupção ligados à petroleira estatal PDVSA. Ele não comentou as acusações.


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