Folha de S. Paulo


May contraria Trump e diz que líderes devem condenar extrema direita

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causar polêmica ao culpar também antirracistas pelo episódio de violência em Charlottesville, na Virgínia, a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou nesta quarta-feira (16) que não vê equivalência entre supremacistas brancos e opositores ao grupo.

"Não vejo equivalência entre aqueles que propõem pontos de vista fascistas e quem se opõem a eles. Penso que é importante que todos aqueles que ocupam cargos de responsabilidade condenem os pontos de vista de extrema direita", disse May.

Na terça (15), Trump disse que há "culpa dos dois lados", ambos "muito violentos", pelo confronto entre militantes da extrema direita e os que protestavam contra eles que culminou em ao menos uma morte.

A declaração teve grande repercussão e virou alvo de questionamentos. Nesta semana, CEOs de empresas e líderes da federação do sindicatos dos trabalhadores dos EUA já haviam deixado o Conselho Americano de Manufatura, uma iniciativa de Trump, por causa da demora do presidente em condenar os racistas.

Apesar da divergência sobre o episódio em Charlottesville, May tem sido criticada por adversários políticos por seus esforços para cultivar laços estreitos com Trump. Em janeiro, a primeira-ministra britânica visitou o presidente norte-americano em Washington logo após a sua posse.

Nesta quarta, especialistas em direitos humanos da ONU divulgaram comunicado em que pedem a investigação do confronto em Charlottesville.

"Os atos e discurso de ódio devem ser condenados. Os crimes de ódio devem ser investigados e os agressores processados", diz trecho do comunicado. "Estamos indignados com a violência em Charlottesville e o ódio racial mostrado pelos extremistas de direita, supremacistas brancos e grupos neonazistas".

Políticos alemães também criticaram Trump, e acusaram o presidente dos EUA de trivializar a violência de supremacistas brancos. Eles também cobraram uma rejeição total a essa ideologia.

Martin Schulz, candidato de centro-esquerda ao governo alemão, disse que os governo só podem vencer a luta contra o ódio, o racismo e o antissemitismo pela rejeição dessa ideologia.

"A trivialização da violência nazista pelas declarações confusas de Donald Trump é muito perigosa. Não devemos tolerar as monstruosidades que saem da boca do presidente", disse.

Na segunda-feira, a chanceler Angela Merkel defendeu uma ação clara e de força para combater o extremismo de direita.


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