Folha de S. Paulo


Na Argentina, vice dos EUA elogia Macri e pede ação contra Venezuela

O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse nesta terça-feira (15), em Buenos Aires, que seu país vê a "Argentina como liderança regional e global" e elogiou as realizações dos encontros da OMC (Organização Mundial do Comércio), em dezembro, e do G20, no ano que vem. Pence está num tour pela América Latina, que inclui ainda o Chile, a Colômbia e o Panamá.

"Quando o presidente Donald Trump diz 'a América primeiro', isso não significa que considera que a América deva estar sozinha. É por isso que temos viajado, e é por isso que vim à América do Sul para falarmos das questões da nossa região, da nossa vizinhança", disse Pence.

Juan Mabromata/AFP
O presidente argentino, Mauricio Macri (à esq.), recebe o vice dos EUA, Mike Pence, em Buenos Aires
O presidente argentino, Mauricio Macri (à esq.), recebe o vice dos EUA, Mike Pence, em Buenos Aires

O vice-presidente acrescentou que os EUA estavam fazendo esforços para que a Argentina entrasse logo na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), porque apoiam as "reformas econômicas da gestão atual, sob liderança do presidente Macri, um aliado e amigo de outras épocas do presidente Trump".

VENEZUELA

Os dois presidentes disseram "coincidir" com relação à preocupação com a crise na Venezuela. Porém, deram respostas diferentes sobre a solução do problema.

Pence voltou a afirmar, como fez na Colômbia, que, além da solução militar, aventada por Trump, havia outras alternativas para resolver a "tragédia da Venezuela, causada pela tirania". Afirmou que os EUA "não vão ficar de braços cruzados", mas que querem trabalhar junto aos países da região e que apoiam a decisão do Mercosul em suspender o país do bloco.

"Mas acreditamos que a América Latina pode fazer mais para tentar restabelecer a democracia na Venezuela e gostaria de chamá-los a fazer mais. É preciso aumentar a pressão diplomática e econômica."

Contou que ficou chocado com relatos que ouviu na Colômbia de venezuelanos "que tiveram que cruzar a fronteira para fugir da tirania" e que lhe contaram "sobre a dificuldade para conseguir comida, ficando horas em filas e enfrentando o desabastecimento".

Acrescentou que "o povo venezuelano está sofrendo e morrendo, há muita pobreza, as crianças têm fome. Era um povo livre e agora está vivendo sob um regime brutal e sem liberdade de expressão".

Já Macri afirmou que não vê "o uso da força como uma alternativa" e que junto ao Mercosul tentariam usar "todos os campos da democracia". Reafirmou que espera que "o presidente Maduro volte a restaurar o calendário eleitoral e solte os presos políticos". Condenou, ainda, que a violência continue e que haja tantos mortos nos confrontos entre as forças do Estado e os manifestantes.

Pence fez comparações históricas entre os EUA e a Argentina, elogiando o processo da independência, o estabelecimento das Constituições republicanas de ambos e comparou George Washington com o prócer local, San Martín. Fez elogios a Buenos Aires e comentou que havia jantado muito bem na noite anterior, no hotel Alvear.

"Fico feliz de que tenha podido ter um encontro romântico na nossa cidade", disse Macri. "Sim, tive um 'date' com minha mulher", confirmou Pence. Ambos sorriram.

NA BOLSA
Após o encontro com Macri, Pence foi à Bolsa de Valores local, onde deu um discurso. Nele, mais elogios ao presidente. "A liderança de Macri trouxe reformas audazes que devolveram a reputação da Argentina no mundo".

Acrescentou que Trump havia telefonado pela manhã para pedir que ele congratulasse os argentinos pelo voto de confiança na aliança Cambiemos, no último domingo.

Pence disse também que ambos os países acordaram em ampliar o comércio bilateral, principalmente na área agrícola e na pecuária.

Estavam presentes na plateia alguns dos empresários mais importantes do país, como Paolo Rocca, da Techint, Luis Etchevere, da Sociedade Rural, e o presidente do JP Morgan local, Gabriel Martino.


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