Folha de S. Paulo


Em dia de primárias na Argentina, Cristina Kirchner prefere ficar em casa

"Esta é uma votação que funciona, mas não para o que deveria funcionar", disse Roque Gigliardi, 66, que compareceu à escola Angel Gallardo, na manhã deste domingo (13), em Avellaneda, na Província de Buenos Aires.

Eleitor da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-15), o comerciante reclamava do fato de que as primárias, que originalmente foram criadas para que houvesse disputas internas dentro dos partidos para decidir quem concorreria à votação oficial das legislativas, em 22 de outubro, não sejam usadas para isso.

Juan Vargas/NA/AFP
This picture released by Noticias Argentinas shows Argentinian President Mauricio Macri casting his vote during the primary legislative election in Argentina, in Buenos Aires on August 13, 2017. Argentines will set up a mid-term election standoff between President Mauricio Macri and their fiery leftist former leader Cristina Kirchner in primary votes on Sunday
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, vota durante as primárias para as eleições legislativas no país

"Os partidos principais já fizeram sua escolha de representantes. Então as primárias servem mesmo é para medir a popularidade de cada um. É como uma pesquisa eleitoral. Como nossas pesquisas são péssimas, então pelo menos serve para isso", resumiu, rindo.

De fato, a principal disputa que os eleitores comentavam, em vários locais da Província de Buenos Aires percorridos pela Folha, era se Cristina Kirchner teria ou não mais votos que o candidato do governo, Esteban Bullrich.

"É uma votação que marca a polarização de Macri com Cristina, por isso votei em Sergio Massa, porque sou peronista mas não quero um segundo turno com esses dois em 2019", disse a produtora Marta Arriaga, 54, referindo-se à próxima eleição presidencial.

Já Jorge Marenco, 42, de La Matanza, disse que votaria nos candidatos da aliança governista (Cambiemos), apesar de estar preocupado com o aumento do valor das contas de gás e luz e do fim dos subsídios. "Está tudo mais caro, e sobra menos dinheiro no fim do mês. Mas eu confio no presidente, de que este é um sacrifício necessário, porque a economia não ia aguentar se seguíssemos com a política kirchnerista."

Em casa

Macri votou pela manhã, num colégio em Palermo. Como de hábito, levou bandejas com "medias-lunas" para jornalistas e eleitores. Disse que estava "tranquilo e contente" com a normalidade da votação e com o sol, que por fim saiu em Buenos Aires após uma semana de chuvas.

Depois de votar, Macri contou que almoçaria com Elisa Carrió, principal candidata governista a deputada pela capital.

Já Cristina, que concorre pela Província de Buenos Aires, mas tem seu registro eleitoral em Santa Cruz, no sul do país, não votou porque preferiu ficar em casa.

Em vez disso, postou fotos nas redes sociais com Néstor Ivan, seu neto, filho de Máximo Kirchner, no colo. Na primeira postagem, os dois olhavam para a tela de um tablet: "Olá, bom dia a todos e todas. Estou em casa com Néstor Iván analisando o impacto da campanha nas redes".

Logo depois, publicou um complemento. "Não, era uma brincadeira, na verdade estávamos vendo desenhos".

Pesquisas internas dos partidos que vazaram de maneira informal para a imprensa davam uma diferença pró-Cristina de 3 a 8 pontos.


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