Folha de S. Paulo


Presidente diz que Uruguai suspendeu Venezuela por medo de retaliação

Paulo Whitaker/Reuters
Tabare Vazquez, President of Uruguay, gestures as he attends a meeting with businessmen in Sao Paulo, Brazil, November 21, 2016. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: PW03
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, durante evento em 2016

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, afirmou nesta quinta-feira (10) que o país aprovou a suspensão da Venezuela no Mercosul por temer retaliação comercial dos outros membros do bloco econômico.

No sábado (5), o Uruguai acompanhou chanceleres dos países fundadores do Mercosul que decidiram por unanimidade suspender a Venezuela do bloco, na sanção máxima a um país que deixa de respeitar a ordem democrática.

O Uruguai, que antes tentou evitar sanções contra o governo do ditador Maduro, disse que a ação foi tomada "a favor do povo venezuelano". De acordo com Vázquez, entretanto, o país pensou também em sua própria população.

"E se isolam o Uruguai no Mercosul?", perguntou Vázquez ao semanário uruguaio "Búsqueda". "E se retaliações prejudicarem os trabalhadores, empresários, o país em geral? Tenho que pensar muito bem. Com o coração em minha utopia, mas com os pés no chão".

A Venezuela passa por instabilidade há meses após escalada da crise econômica e política. O país protagoniza manifestações quase diárias desde abril, quando o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) –controlado pelo chavismo– assumiu funções da Assembleia Nacional.

Na semana passada, a Assembleia Constituinte –que deve reescrever a Constituição venezuelana– foi instalada em meio a acusações de fraude e críticas de opositores e da comunidade internacional.

"Já não tínhamos argumentos dentro do Mercosul para continuar sustentando a posição do Uruguai", disse Vázquez. Segundo ele, Maduro nunca deu "respostas positivas" em relação a possibilidade de dialogar com a oposição antes da instalação da Constituinte.

Apesar de apoiar a suspensão venezuelana no Mercosul, o Uruguai não se juntou a outros 12 países americanos que se reuniram em Lima, no Peru, na terça (8), e consideraram que a Venezuela rompeu a democracia.


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