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Trump diz que EUA responderão com fogo e fúria às ameaças norte-coreanas

KCNA - 15.mai.17/Reuters
O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, sorri após teste com míssil balístico em maio deste ano
O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, sorri após teste com míssil balístico em maio deste ano

Uma reportagem publicada nesta terça-feira (8) pelo "Washington Post" diz que os o governo dos EUA já tem a informação de que a Coreia do Norte produziu com sucesso uma ogiva nuclear miniaturizada, que poderia ser inserida em seus mísseis.

Uma avaliação feita pelo Ministério da Defesa do Japão também concluiu que há evidências que sugerem a capacidade de miniaturização.

Os dados, presentes em uma avaliação de inteligência confidencial de julho obtida pelo jornal, mostram que o regime de Kim Jong-un já teria cruzado uma barreira-chave para se tornar uma potência nuclear plena.

Outro relatório da inteligência americana aumenta a estimativa oficial do número de bombas no arsenal atômico do país comunista. Os EUA calcularam, em julho, que até 60 armas nucleares são controladas por Pyongyang.

O dia também foi marcado pela elevação do tom entre os governos dos dois países. O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu nesta terça (8) responder com "fogo e fúria" e com um poder "que o mundo nunca viu" se a Coreia do Norte fizer mais ameaças ao país.

"É melhor que a Coreia do Norte não faça novas ameaças aos EUA", disse Trump a jornalistas em uma sala do clube de golfe das Organizações Trump em Bedminster, Nova Jersey, onde ele passa uma temporada de 17 dias.

"Eles enfrentarão fogo e fúria como o mundo nunca viu. Ele [o ditador Kim Jong-un] tem feito ameaças acima do normal e, como eu disse, eles enfrentarão fogo e fúria e, francamente, poder como o mundo nunca viu."

Pouco após o recado, porém, o regime de Pyongyang disse "examinar com cuidado" um plano para atingir com mísseis o território americano de Guam, no Pacífico.

A escalada de tensão se agravou desde o último sábado (5), quando o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou novas sanções contra a Coreia do Norte em resposta aos recentes testes com mísseis intercontinentais realizados por Pyongyang.

As medidas podem reduzir em até um terço a receita de exportação anual do país asiático, que é de US$ 3 bilhões, e afetar o comércio com a China, seu principal parceiro.

Na segunda (7), o regime norte-coreano ameaçou se vingar "mil vezes" dos EUA, que lideraram as negociações para aprovar as sanções. Nesta terça, o país disse que usaria todos os seus recursos para tomar uma "ação física" em retaliação.

Foi nesse contexto que Trump deu o ultimato na tarde de terça. Em resposta, o Exército norte-coreano disse horas depois, em comunicado divulgado pela agência estatal KCNA, que um ataque contra Guam, onde há uma base aérea americana, seria colocado em prática "a qualquer momento", dependendo apenas de uma ordem de Kim Jong-un.

Editoria de Arte/Folhapress

RESPOSTA

Há pouco mais de um mês, a Coreia do Norte realizou seu primeiro teste com um míssil balístico intercontinental (ICBM), que, tecnicamente, poderia atingir o Alasca. A ação colocou os EUA sob estado de alerta ainda maior.

O país tem apenas um sistema de defesa para conter esse tipo de ameaça, chamado de defesa intermediária com base terrestre (GMD, na sigla em inglês).

Na prática, é um conjunto que opera com base em satélites, radares terrestres e no mar, além de mísseis interceptadores (GBI) – há 36, prontos para lançamento.

Seu histórico, no entanto, não é dos melhores: dos 19 testes realizados desde 1999, nove (47%) falharam. Os dois últimos, porém, em maio passado e em junho de 2014, foram bem sucedidos.

Uma pesquisa CBS News publicada nesta terça mostra que 72% dos americanos estão apreensivos com um possível conflito com a Coreia do Norte, e só 26% acham que "as coisas vão se resolver".

Segundo uma sondagem da CNN, 62% consideram que Pyongyang representa grave ameaça aos EUA. A primeira pesquisa ouviu 1.111 pessoas em junho, e a da CNN entrevistou 1.018 neste mês.


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