Folha de S. Paulo


Franceses questionam status de primeira-dama de Brigitte Macron

Christophe Petit-Tesson/Associated Press
Emmanuel Macron e a mulher, Brigitte, deixam cabine de votação da eleição legislativa em Le Touquet
Emmanuel Macron e a mulher, Brigitte, deixam cabine de votação da eleição legislativa em Le Touquet

Mais de 270 mil pessoas assinaram uma petição contra um eventual status de primeira-dama para Brigitte Macron, a mulher do presidente francês, cujo "papel público" a Presidência quer esclarecer e tornar mais transparente.

"Brigitte Macron desempenha um papel. Tem responsabilidades. Queremos transparência e delimitar os meios dos quais dispõe", tuitou o porta-voz do governo, Christophe Castaner, em meio à polêmica gerada pelo lançamento de um abaixo-assinado contra esse status oficial.

Eleito em maio, Macron já havia anunciado durante a campanha presidencial que desejava reavaliar a posição da primeira-dama para que possa atuar oficialmente em algumas ocasiões e, assim, acabar com a "hipocrisia francesa". Cônjuges não têm essa prerrogativa hoje no Palácio do Eliseu.

"Terá um papel e não será escondida, porque compartilha minha vida e porque sua opinião é importante [...] Acredito que seja importante esclarecer esse papel", declarou ele antes de chegar à Presidência.

Em um momento de proibição da contratação de familiares por parte de ministros e de parlamentares, a vontade de tornar oficial o papel da esposa do chefe de Estado irrita uma parte da opinião pública.

Lançado há duas semanas, o abaixo-assinado "contra o status de primeira-dama para Brigitte Macron" contava na manhã desta terça com 270 mil assinaturas.

"Em um momento em que o governo quer economizar [...] não podemos apoiar a iniciativa de um status específico para a mulher" do presidente, afirma a petição, apresentada no site change.org por Thierry Paul Valette, que se apresenta como "pintor e autor" e "cidadão comprometido".

"Com esse status, a primeira-dama exercerá seu papel como melhor lhe parecer e ela terá reconhecida uma existência jurídica que permitirá gozar de um orçamento", alega o texto.

Em resposta, o gabinete de Macron anunciou ontem que o Palácio Eliseu especificará nos próximos dias qual será sua "função pública". Brigitte Macron não receberá uma remuneração e não se prevê qualquer modificação da Constituição, acrescentam as mesmas fontes.

No papel, não está definido o âmbito de ação do cônjuge do chefe de Estado, nem os meios de que dispõe. Na prática, há tempos já se conta com gabinete, colaboradores e um serviço de proteção subordinados ao orçamento do Eliseu.

O gabinete de Valérie Trierweiler, a ex-mulher de François Hollande, antecessor de Macron, teve € 400 mil euros em 2013.

"A ideia é que os franceses possam saber quanto esse posto custa. É necessário que exista essa transparência", defendeu a porta-voz da maioria governista do Parlamento, Aurore Bergé, em entrevista nesta terça.


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