Folha de S. Paulo


'Todo o território dos EUA está ao nosso alcance', diz Coreia do Norte

Associated Press
This Friday, July 28, 2017, photo distributed by the North Korean government on Saturday, July 29, 2017, shows what was said to be the launch of a Hwasong-14 intercontinental ballistic missile at an undisclosed location in North Korea. The clear message after Friday’s late-night test, the second in a month of a missile that may be able to reach most of the U.S. mainland: Get used to this _ it’s the new normal. (Korean Central News Agency/Korea News Service via AP) ORG XMIT: BKWS802
Foto distribuída pelo governo norte-coreano mostra o teste de lançamento de míssil intercontinental

O ditador norte-coreano, Kim Jong-Un, afirmou após o teste bem sucedido desta sexta-feira (28) com um míssil balístico intercontinental que todo o território dos Estados Unidos está agora ao seu alcance.

De acordo com Kim, citado pela agência oficial KCNA, o teste demonstrou a capacidade da Coreia do Norte para lançar um ataque "em qualquer lugar e momento e confirmou que todo o território continental dos Estados Unidos está agora ao nosso alcance".

Segundo a agência estatal, o ditador supervisionou pessoalmente o bem sucedido tiro com uma versão atualizada do míssil Hwasong-14, que percorreu 998 km durante cerca de 47 minutos, atingindo uma altitude de 3.724,9 km.

O míssil foi lançado de Mupyong-ni, no norte do país, até o mar do Japão.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou o teste de ação "temerária e perigosa" e que isolará ainda mais os norte-coreanos.

"Os Estados Unidos condenam este tiro e rejeitam o argumento do regime de que estes testes e estas armas garantirão a segurança da Coreia do Norte. Na realidade, têm o efeito oposto. Ameaçando o mundo, estas armas e estes testes isolarão ainda mais os norte-coreanos, debilitando sua economia e prejudicando seu povo".

"Todos os passos necessários para garantir a segurança do nosso país e proteger nossos aliados", prometeu Trump.

A China "condenou as violações da Coreia do Norte das resoluções da ONU", mas pediu a "todas as partes envolvidas que mostrem prudência e evitem agravar a tensão" na península coreana.

O secretário americano de Estado, Rex Tillerson, declarou que "como principais facilitadores econômicos do programa de armas nucleares e mísseis balísticos" da Coreia do Norte, "China e Rússia têm a única e particular responsabilidade por esta crescente ameaça à estabilidade da região e do planeta".

Segundo Tillerson, o teste é "uma descarada violação das múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que refletem a vontade da comunidade internacional".

EXERCÍCIOS MILITARES

Após o teste norte-coreano, as Forças Armadas de Estados Unidos e Coreia do Sul anunciaram exercícios militares utilizando mísseis terra-terra.

"Estamos realizando exercícios em resposta ao lançamento de míssil da Coreia do Norte", informou um militar, que pediu para não ser identificado.

As manobras utilizam o sistema de mísseis terra-terra ATACMS (Army Tactical Missile System) e mísseis sul-coreanos Hyunmoo II.

Outro oficial que pediu anonimato disse à AFP que é realizado "um exercício com munição real em resposta ao lançamento de mísseis por parte da Coreia do Norte".

Segundo o Exército, "o ATACMS pode ser mobilizado rapidamente e proporciona capacidade de precisão em ataques de profundidade, permitindo à aliança Estados Unidos-Coreia do Sul atingir um amplo leque de alvos sob qualquer condição climática".

Imediatamente após o teste norte-coreano, o general Joe Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e o almirante Harry Harris, responsável pelo comando americano do Pacífico, conversaram com o general Lee Sun Jin, chefe do Estado-Maior Conjunto sul-coreano.

"Durante o telefonema, Dunford e Harris expressaram seu compromisso com a aliança Estados Unidos-Coreia do Sul", informou o gabinete de Dunford.

MAIS SANÇÕES

Pyongyang provocou alarme mundial no último dia 4 quando testou seu primeiro ICBM (abreviatura em inglês para míssil balístico intercontinental), que, segundo especialistas, poderia atingir o Alasca.

Depois do teste, os Estados Unidos pressionaram a ONU para que adotasse medidas mais duras contra Pyongyang.

No total, as Nações Unidas impuseram seis pacotes de sanções contra a Coreia do Norte desde que o país testou pela primeira vez um dispositivo atômico, em 2006, mas duas resoluções aprovadas no ano passado endureceram significativamente estas medidas.

Até agora, a estratégia dos Estados Unidos, tanto do governo de Donald Trump como do de Barack Obama, não deu frutos.

Apesar de um fortalecimento das sanções internacionais e da pressão da ONU sobre a China, o regime de Kim Jong-Un continuou com seus programas militares balísticos e nucleares.

Esta semana, no entanto, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, informou de progressos nos diálogos com Pequim para impor novas sanções contra a Coreia do Norte.

Após o lançamento do primeiro míssil intercontinental, Haley disse ao Conselho de Segurança que esperava apresentar em alguns dias novas medidas, como cortar o abastecimento de petróleo, proibir a entrada de trabalhadores da Coreia do Norte, assim como a imposição de novas restrições aéreas e marítimas a Pyongyang.


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