Folha de S. Paulo


Nobel da Paz e dissidente chinês Liu Xiaobo morre aos 61 anos

Reuters
O dissidente chinês Liu Xiaobo em foto sem data divulgada por sua família
O dissidente chinês Liu Xiaobo em foto sem data divulgada por sua família

O dissidente chinês Liu Xiaobo morreu aos 61 anos nesta quinta-feira (13), informou o governo da cidade chinesa de Shenyang, no nordeste do país, onde o Prêmio Nobel da Paz de 2010 vinha sendo tratado de um câncer de fígado em estágio avançado.

O departamento jurídico de Shenyang afirmou em um breve comunicado em seu site que Liu sofreu uma falência múltipla de órgãos e que esforços para salvá-lo fracassaram.

Símbolo da luta pela democracia na China, Liu foi internado no Hospital Universitário de Shenyang no final de junho após passar oito anos preso. Afetado por um câncer de fígado em estágio terminal, ele obteve liberdade condicional para ser tratado.

Em 2009, o ativista foi condenado a 11 anos de prisão, acusado de "subversão" após reivindicar reformas democráticas no país. Ele se torna agora o primeiro Nobel da Paz a morrer privado da liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que faleceu em 1938 em um hospital quando estava detido pelos nazistas.

Liu foi um dos autores da chamada Carta 08, um manifesto que exigia a realização de eleições livres na China. Durante a cerimônia de entrega do Nobel em Oslo, em 2010, foi representado por uma cadeira vazia.

A atribuição do Prêmio Nobel provocou indignação na China, que congelou as relações de alto nível com a Noruega, o que afetou as exportações de salmão norueguês a China. Os dois países normalizaram as relações em dezembro de 2016. Pequim classificou Liu Xiaobo de "criminoso".

Logo após o anúncio da morte de Liu, o Comitê do Nobel afirmou que a China tem uma "grande responsabilidade" na morte prematura do ativista pela democracia.

O secretário de Estado americano Rex Tillerson, afirmou que Liu Xiaobo "dedicou sua vida a melhorar a humanidade".

O nome do Prêmio Nobel de 2010 é tabu na imprensa oficial, salvo nos jornais chineses em inglês que classificam Liu como "criminoso". Ele é desconhecido de grande parte da população de seu país.


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