O advogado Christopher Wray, 50, nome indicado pelo presidente Donald Trump para o cargo de diretor do FBI (polícia federal americana), prometeu nesta quarta (12) atuar com independência em relação à Casa Branca.
"Minha lealdade será com a Constituição e o Estado de Direito", disse o diretor indicado durante uma sabatina perante a Comissão de Justiça do Senado, que pelas normas do país tem prerrogativa de referendar ou não a nomeação, válida em princípio para mandato de dez anos.
Ele disse que o trabalho do FBI não será movido "por nada além dos fatos, da lei e da busca imparcial pela justiça".
Wray foi nomeado para substituir James Comey, demitido em maio, em decisão inesperada. A demissão levantou suspeitas sobre o intuito de Trump de interferir nas investigações do FBI acerca dos indícios de conluio entre seus assessores e autoridades russas na campanha eleitoral do ano passado.
A sabatina ocorreu um dia depois do terremoto causado pela divulgação de uma série de e-mails do filho do presidente, Donald Trump Jr., datados de junho de 2016. Neles, um intermediário de um empresário, conectado aos negócios da família Trump, diz que o procurador-geral da Rússia poderia repassar à campanha republicana informações que incriminariam a então candidata democrata Hillary Clinton.
Trump Jr. respondeu que "adorou" a proposta e agendou um encontro em Nova York com a advogada Natalia Veselnitskaia, que teria relações com o Kremlim. Também estiveram na reunião o genro e assessor de Trump, Jared Kushner, e o então diretor da campanha do republicano, Paul Manafort.
PERFIL DO INDICADO
Formado pela Universidade Yale e vice-secretário de Justiça entre 2003 e 2005, durante o governo de George W. Bush, Wray é especialista em crimes de colarinho branco.
Ele foi advogado do governador de Nova Jersey, o republicano Chris Christie, no escândalo do "Bridgegate", em 2014. Na ocasião, Christie e seus assessores foram investigados por terem propositalmente fechado faixas de trânsito de uma ponte importante com o objetivo de criar congestionamentos e prejudicar um prefeito adversário. O governador acabou absolvido, mas dois assessores foram condenados.
Durante a sabatina, ele contrariou declarações de Trump, que disse ser vítima de uma "caça às bruxas" promovida Robert Mueller, o conselheiro jurídico especial nomeado para acompanhar as investigações após a demissão de Comey. Trump voltou a usar a expressão na quarta para defender seu filho no caso da Rússia.
Wray garantiu que evitaria encontros a sós com Trump e que renunciaria caso o presidente lhe pedisse para fazer algo considerasse ilegal. A declaração foi uma referência ao depoimento de Comey ao Senado, em junho. Ele afirmou ter sido abordado por Trump, que lhe sugeriu aliviar o inquérito contra o ex-Conselheiro de Segurança Michael Flynn, demitido após revelações de que mentira sobre contatos com o embaixador russo nos EUA.