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Para aliviar crise, EUA e Qatar fecham acordo contra o terrorismo

Naseem Zeitoon/Reuters
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson (à esq.) cumprimenta o chanceler do Qatar, Mohammed al-Thani
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, cumprimenta o chanceler do Qatar, Mohammed al-Thani

O Qatar e os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (11) um acordo no qual o país árabe se compromete a intensificar os seus esforços no combate ao terrorismo e ao seu financiamento.

O acerto foi firmado durante visita ao governo qatariano do secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, que tenta mediar a crise diplomática no golfo Pérsico.

"Hoje, o Qatar é o primeiro país a firmar com os EUA um programa de combate ao financiamento do terror", afirmou o chanceler do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani. "Convidamos todos os países que nos impõem um bloqueio a se somarem ao acordo."

Em junho, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, o Egito e o Bahrein romperam relações diplomáticas com o Qatar, acusando o país de financiar o terrorismo.

Para normalizar a situação, os quatro países apresentaram uma lista de exigências, que incluem o fim das relações com o Irã, o fechamento da rede de TV Al Jazeera e uma base militar que a Turquia mantém no país. O Qatar, que nega as acusações, rejeitou as imposições.

"Espero que possamos fazer progressos", disse Tillerson após reunião desta terça com o emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani. Segundo o secretário dos EUA, o compromisso "começará imediatamente em várias frentes."

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes, o Egito e o Bahrein, porém, consideraram o acordo insuficiente. Em um comunicado conjunto, os quatro países afirmaram que "vigiarão de perto a seriedade das autoridades qatarianas para combater qualquer forma de financiamento e apoio ao terrorismo".

Nesta segunda (10), Tillerson iniciou pelo Kuait uma viagem na região com o objetivo de encontrar uma saída para a crise. Já nesta quarta (12), o secretário deve se reunir com representantes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito em Jidá, cidade do oeste saudita.

"Esse encontro reflete a vontade dos quatro países de reforçar a coordenação e mostrar sua unidade sobre as futuras relações com o Qatar", disse o chanceler do Egito.

CONTRADIÇÃO

A tentativa de reconciliação de Tillerson vai na contramão de declarações recentes de Donald Trump. Em junho, o presidente dos Estados Unidos chegou a afirmar que o Qatar financia o terrorismo em um nível "muito alto".

Antes da declaração de Trump, Tillerson pedira alívio aos países do Golfo sobre o bloqueio imposto ao Qatar.

Para Tillerson, o bloqueio prejudica o combate à facção terrorista Estado Islâmico (EI). Os EUA mantêm no Qatar a sua maior base aérea no Oriente Médio, usada nos bombardeios contra o EI na Síria e no Iraque.

Analistas externos veem o boicote ao Qatar como uma tentativa de barrar a crescente autonomia do país e reinseri-lo na esfera de influência saudita.

O pequeno país do Golfo é o maior produtor de gás natural do mundo e será sede da Copa de 2022.

Editoria de Arte/Folhapress
Países que romperam relações com o Qatar

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