Folha de S. Paulo


Candidato à Constituinte convocada por Maduro é assassinado

Assista ao vídeo

Um candidato à Assembleia Constituinte convocada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi assassinado a tiros durante um comício na noite de segunda-feira (10) em Maracay, a 123 km de Caracas.

José Luis Rivas Aranguren, 42, foi atingido por oito disparos feitos por dois homens assim que foi anunciado pelos apresentadores do evento. Outras duas pessoas ficaram feridas. Os atiradores fugiram na sequência.

Reprodução
O candidato à Constituinte José Luis Rivas, morto nesta segunda (10) na cidade de Maracay
O candidato à Constituinte José Luis Rivas, morto nesta segunda (10) na cidade de Maracay

Líder dos mototaxistas em Girardot, cidade vizinha a Maracay, Rivas era militante chavista e organizava seu grupo para atos governistas. Ele havia se postulado pela categoria dos motociclistas no Estado de Aragua.

Não se sabe, porém, se ele também liderava um coletivo (milícia chavista). Beneficiados pelo chavismo e moradores de bairros pobres, boa parte dos mototaxistas na Venezuela ou são membros ou têm relações próximas com os paramilitares.

O Ministério Público e o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas, ligado ao governo, investigam o homicídio. Líderes comunitários de Maracay atribuem a morte a um ajuste de contas entre grupos rivais.

Um dos países com o maior número de homicídios das Américas, a Venezuela registra mortes com frequência em campanhas eleitorais, em sua maioria não relacionadas à disputa política entre o chavismo e seus adversários.

Na campanha para a eleição de 2015, o candidato opositor Luis Manuel Díaz foi assassinado a tiros em um comício. A morte, porém, se deveu a uma disputa do rival do governo com uma quadrilha de sequestradores.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mais de 30 mil pessoas se inscreveram para concorrer às 545 vagas na Assembleia Constituinte. Como a oposição boicotou a votação, a maioria dos candidatos é chavista.

De todas as cadeiras, 364 serão definidas por voto universal, divididas por municípios. As restantes pertencerão a setores populares, principalmente sindicatos e associações comunitárias ligadas a Nicolás Maduro.

A votação está marcada para o dia 30. No próximo domingo (16), a oposição fará um plebiscito alternativo contra a troca da lei máxima, rejeitada também por chavistas dissidentes, como a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz.

A morte acontece no mesmo dia em que um adolescente de 16 anos era morto por disparos de armas de fogo em um protesto na cidade de Valencia, a 167 km de Caracas.

Na capital, sete militares ficaram feridos na explosão de um artefato lançado por manifestantes. Outros dois soldados foram baleados nas localidades de La Tahona e San Antonio, no Estado de Miranda.

O prefeito de Chacao, Ramón Muchacho, disse à agência de notícias France Presse que ao menos 21 pessoas ficaram feridas nos distúrbios. O município compõe a cidade de Caracas e é o principal palco dos protestos opositores na capital.

VIOLÊNCIA

Relatório divulgado nesta segunda pela ONG Anistia Internacional diz que a violência policial virou arma para calar a oposição na Venezuela.

No domingo (9), a Venezuela completou cem dias de protestos contra Maduro. As manifestações já deixaram mais de 90 mortos.

Opositores rechaçam a Assembleia Constituinte convocada por Maduro e veem o ato como uma "fraude" do chavismo para proteger "uma ditadura".


Endereço da página:

Links no texto: