O rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, 81, da Arábia Saudita, anunciou nesta quarta-feira (21) que seu filho Mohammed bin Salman bin Abdulaziz, 31, é o novo primeiro herdeiro do país, assumindo a posição que era de um de seus primos, Mohammed bin Naif bin Abdulaziz al Saud, 57.
A reorganização da linha de sucessão dá mais poder para Mohammed bin Salman, que vive uma rápida ascensão ao poder desde que seu pai assumiu o trono, em 2015.
Na época, o rei nomeou Mohammed bin Salman como príncipe herdeiro adjunto, passando por cima de dezenas de príncipes mais velhos e ficando, então, em segundo lugar na linha de sucessão ao trono.
O príncipe também ficou no comando do monopólio estatal do petróleo, da empresa de investimentos públicos, da política econômica e do Ministério da Defesa. Agora, além destes cargos, ele será o vice-primeiro ministro, cargo que era do primo.
Mohammed bin Salman defende a política hostil em relação ao Irã (de maioria xiita), principal rival regional da Arábia Saudita (sunita), e é um dos principais responsáveis pela estratégia saudita de isolamento diplomático do Qatar, sob a acusação de que o vizinho apoia e financia o terrorismo.
Ao deixar a linha de sucessão saudita, Mohammed bin Naif perdeu o cargo de vice-primeiro-ministro e não é mais ministro do Interior.
Conhecido em Washington, bin Naif ganhou destaque por comandar as forças sauditas nas operações contra a milícia terrorista Estado Islâmico e para expulsar a Al-Qaeda do país.
Principal aliada dos EUA no Oriente Médio, a Arábia Saudita é uma monarquia fundada em 1932 por Abdulaziz Ibn Saud (1875-1953). O monarca teve dezenas de filhos, e a família real conta hoje com cerca de 15 mil príncipes e princesas.
Não há uma lei que fixe como deve ser a sucessão, mas o trono sempre foi passado para os filhos do fundador da monarquia, Ibn Saud –o atual, Salman, é o sexto filho a governar o reinado.
Cada rei tem, em tese, liberdade para definir seu sucessor, mas em 2006 foi criado o Conselho da Lealdade, composto por figuras proeminentes da família real, para chancelar a decisão. Mohammed bin Salman teve 31 dos 34 votos do Conselho.
No entanto, o decreto que pôs Mohammed bin Salman na linha direta do trono estabelece que ele não poderá escolher um de seus próprios filhos para substituí-lo no futuro –o que foi visto como uma tentativa da Casa Real de conter a insatisfação de outros príncipes preteridos por Salman.
REPERCUSSÃO
A movimentação no trono de um dos países mais estratégicos do Oriente Médio gerou reações diversas.
O presidente dos EUA, Donald Trump, que em maio iniciou por Riad uma viagem pelo Oriente Médio, felicitou o príncipe herdeiro por telefone –a primeira-ministra britânica, Theresa May, também o parabenizou.
O governo do Irã afirmou, por meio de sua TV estatal, que a reorganização da linha de sucessão equivale a um "golpe suave".