Folha de S. Paulo


Reino Unido começa negociação sobre o 'brexit' em posição desfavorável

Emmanuel Dunand/AFP
British Secretary of State for Exiting the European Union (Brexit Minister) David Davis (L) and European Commission member in charge of Brexit negotiations with Britain, Michel Barnier address a press conference at the end of the first day of Brexit negotiations at the European Commission in Brussels on June 19, 2017. Britain and the European Union started Brexit negotiations in Brussels on June 19, 2017. / AFP PHOTO / EMMANUEL DUNAND ORG XMIT: ED12481
O ministro britânico para o "brexit", David Davis (à esq.), e o negociador da UE, Michel Barnier

O Reino Unido e a União Europeia (UE) iniciaram nesta segunda-feira (19) as negociações do "brexit". A saída britânica no bloco regional, aprovada por margem apertada em plebiscito em junho 2016, porá fim a 44 anos de integração.

O secretário britânico para o "brexit", David Davis, se reuniu em Bruxelas com o negociador da UE, Michael Barnier. Juntos, eles decidiram o cronograma e os principais temas das negociações, que devem se estender até março de 2019.

As conversas deverão ocorrer uma vez por mês e os temas de negociação serão concentrados em três áreas: os direitos dos 3 milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido, o possível pagamento de uma multa pelo Reino Unido e outros assuntos.

Paralelamente, será discutida a situação do controle na fronteira com a Irlanda, que passará a ser primeira fronteira terrestre do Reino Unido com a UE.

Os dois lados expressaram otimismo em relação às chances de chegar a um acordo. Davis afirmou que as conversas foram "bastante produtivas" e Barnier disse que as partes começaram as conversas "com o pé direito".

Ainda assim, o Reino Unido parece ter saído em posição desfavorável.

Quando deflagrou formalmente o processo de saída da UE, em março, A primeira-ministra Theresa May prometeu pressionar a UE a discutir a separação simultaneamente aos termos das futuras relações do Reino Unido com o bloco.

No entanto, Barnier declarou que primeiro será discutida a saída britânica para, em um segundo momento, "abranger nosso relacionamento futuro", incluindo temas como a cooperação comercial.

O representante da UE também disse que não pretende fazer "concessões" aos britânicos, ressaltando que "não se trata de punição ou vingança".

"O Reino Unido decidiu sair da UE, não o contrário", afirmou Barnier. "Cada um de nós precisa assumir suas responsabilidades e as consequências de nossas decisões."

Davis negou ter capitulado à UE, dizendo que a estratégia do Reino Unido para o "brexit" será mantida. "O que importa não é como começamos, e sim como terminamos."

Justin Tallis - 9.jun.2017/AFP
Britain's Prime Minister and leader of the Conservative Party Theresa May delivers a statement outside 10 Downing Street in central London on June 9, 2017 as results from a snap general election show the Conservatives have lost their majority. British Prime Minister Theresa May faced pressure to resign on June 9 after losing her parliamentary majority, plunging the country into uncertainty as Brexit talks loom. / AFP PHOTO / Justin TALLIS
A primeira-ministra britânica, Theresa May

FRAGILIDADE

As negociações ocorrem no momento de maior fragilidade do governo da primeira-ministra May.

A líder conservadora passou a ter sua permanência no cargo questionada após perder a maioria no Parlamento nas eleições de 8 de junho, que ela própria havia convocado de maneira antecipada sob a prerrogativa de fortalecer o governo nas conversas com a UE.

Além disso, o governo passou a ser questionado após uma série de atentados terroristas –o último deles na madrugada desta segunda-feira em Londres, em que um motorista atropelou muçulmanos que saíam de uma mesquita, deixando um morto e dez feridos.


Endereço da página:

Links no texto: