Folha de S. Paulo


Após vitória em legislativas, Macron começará reformas econômicas

Christophe Archambault - 18.jun.2017/AFP
French President Emmanuel Macron casts his ballot as he votes at a polling station in Le Touquet, northern France, during the second round of the French parliamentary elections (elections legislatives in French), on June 18, 2017. / AFP PHOTO / POOL AND AFP PHOTO / CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
Emmanuel Macron, presidente da França, vota nas legislativas deste domingo (18)

Com o fim do ciclo de eleições francesas, com dois turnos presidenciais e dois turnos legislativos desde 23 de abril, o mandato do presidente Emmanuel Macron tomará forma nesta semana.

Fundador do movimento centrista República em Frente!, ele conquistou uma ampla maioria parlamentar no domingo (18), último turno legislativo, e poderá implementar as reformas que prometeu em sua campanha.

O processo começa nesta segunda-feira, quando o premiê conservador Édouard Philippe deve se demitir. O gesto é simbólico, porque Macron deve pedir que Philippe forme o novo governo durante os próximos dias.

Não há expectativa de grandes mudanças no gabinete montado há um mês, depois das eleições presidenciais. Os seis ministros que concorreram às legislativas foram eleitos no domingo.

Com o fim da contagem de votos, a República em Frente! e seu aliado Movimento Democrático terão 350 assentos –308 deles representam o movimento de Macron.

A principal oposição será feita pelos conservadores Republicanos e seus aliados, com 137 assentos. O Partido Socialista e seus aliados, que tinham 284 cadeiras no governo anterior, terão 46, uma das derrotas mais dramáticas deste final de semana.

Jean-Christophe Cambadélis, que liderava essa sigla de centro-esquerda, pediu a demissão depois da divulgação dos resultados parciais.

"Tomo essa decisão sem amargura nem cólera, consciente da minha obrigação e do momento crucial que a esquerda atravessa", disse.

A Frente Nacional, de direita ultranacionalista, elegeu oito deputados. É um avanço em relação à única cadeira que o partido de Marine Le Pen tinha, mas é um resultado bastante baixo para uma sigla que disputou o segundo turno presidencial em maio com 34% dos votos.

Parte da explicação é que a França elege deputados em um sistema distrital, e não proporcional ao total de votos. Cada distrito vota, assim, em seu próprio deputado.

2º turno eleições legislativas francesas

ABSTENÇÃO

O porta-voz do governo, Christophe Castaner, afirmou que a alta abstenção nas eleições legislativas foi uma derrota da classe política, sinalizando a necessidade de mudanças. Mais de 57% do total de 47 milhões de eleitores registrados não votaram.

"A vitória real não foi no domingo à noite", disse Castaner. "Será daqui a cinco anos, quando tivermos realmente mudado as coisas."

O resultado das legislativas, porém, já aponta para diversas transformações no panorama político francês.

Cerca de 75% da Assembleia Nacional foi renovada nestas eleições, um recorde no país. Dos 577 novos deputados, 432 não tinham sido eleitos no pleito de 2012.

Outro recorde é a participação das mulheres, com ao menos 223 assentos, 38% do total. A Assembleia anterior tinha 155 mulheres, ou 26%.

Catherine Barbaroux, presidente interina da República em Frente!, disse que a nova Assembleia será "mais diversa, mais jovem". "Mas acima de tudo esse é um momento histórico para a representação das mulheres na Casa."

Os resultados das legislativas francesas, assim como havia ocorrido um mês antes com as presidenciais, animaram os mercados globais.

A vitória de Macron e sua maioria parlamentar sinalizam que a França implementará importantes reformas econômicas, como a flexibilização da legislação trabalhista –motivo de prováveis desgastes nos próximos meses.

A Bolsa francesa abriu em alta de quase 1% no início do dia. Houve alta também em Londres e outras capitais.


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