Folha de S. Paulo


Ataque em Londres mirou liberdade religiosa, diz Theresa May

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou nesta segunda-feira (19) que o atropelamento em Londres que deixou um morto e dez feridos foi uma "tentativa doentia de destruir a liberdade religiosa".

Na madrugada desta segunda –noite de domingo (18) no Brasil– uma van avançou sobre pedestres perto da saída de uma mesquita em Finsbury Park, na região norte de Londres. De acordo com a polícia, todas as vítimas eram muçulmanas.

"Nosso país acordou nesta manhã com a notícia de outro ataque terrorista nas ruas da nossa capital: o segundo neste mês e tão doentio quando os ataques anteriores", afirmou May na porta de sua casa, em Downing Street. "Foi um ataque que voltou a ter como alvo pessoas inocentes, desta vez muçulmanos britânicos que deixaram uma mesquita após orações".

A primeira-ministra prometeu combater o terrorismo e o extremismo, "venha de onde vier".

"Tem havido demasiada tolerância com o extremismo neste país, incluindo a islamofobia", declarou May, que visitou a mesquita de Finsbury Park. Na saída do local, ela foi hostilizada por manifestantes.

SUSPEITO DETIDO

O motorista responsável pelo ataque foi contido por testemunhas e detido pouco após a polícia receber o primeiro chamado, à 0h20 local (20h20 de Brasília). Ele foi levado para um hospital e deverá ser indiciado por terrorismo.

De acordo com a emissora BBC, o suspeito é Darren Osborne, 47, morador de Cardiff, no País de Gales, a cerca de 240 quilômetros de Londres. O jornal britânico "Telegraph" diz que ele morava na cidade com a mulher e quatro filhos.

A mãe de Osborne, Christine, afirmou em entrevista ao canal ITV News que soube da prisão do filho pela televisão. Ela negou que seu filho tenha demonstrado qualquer comportamento extremista. "Eu não vou defende-lo, mas ele é meu filho e é um choque terrível, terrível", afirmou. "Não é apenas roubar um banco, é uma atrocidade. E, neste momento, eu não consigo lidar com isso."

O sobrinho do suspeito, Ellis Osborne, 26, divulgou um comunicado em nome da família. "Nós estamos chocados, é inacreditável, ainda não caiu a ficha. Nós estamos devastados pelas famílias, nossos corações estão com as pessoas que foram feridas".

Ellis também afirmou que seu tio nunca expressou nenhum tipo de racismo. "É loucura", completou.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, homenageou nesta segunda-feira as testemunhas que contiveram o agressor e também um líder religioso que impediu que a multidão o linchasse.

"Continuaremos sendo uma cidade forte", declarou Khan, que é muçulmano.

A chefe da polícia londrina, Cressida Dick, prometeu reforçar a segurança de comunidades muçulmanas nos próximos dias.

"Encaramos de maneira incrivelmente séria todos os tipos de crime de ódio e de extremismo violento e, quando possível, trabalhamos para prevenir ataques", afirmou Dick. "São tempos sombrios e a noite passada contribui para isso."

O ATENTADO

O atentado é o terceiro em menos de três meses na cidade –isso sem contar o ataque a um show em Manchester, em maio, com 22 vítimas. Nos dois últimos atentados de Londres, terroristas também usaram veículos para atropelar pedestres.

Em março, um homem avançou contra pedestres na ponte de Westminster; na ocasião, cinco pessoas morreram.

No começo do mês, uma van atropelou entre 15 e 20 pessoas na ponte que passa sobre o rio Tâmisa; homens com facas atacaram pessoas que estavam em um restaurante a poucas quadras do local, no mercado de Borough.

Atropelamento em Londres


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