Folha de S. Paulo


Médicos nos EUA tentam ser ouvidos antes de aprovação do 'Trumpcare'

Eles se opuseram duramente à Lei de Saúde Americana do presidente Donald Trump, que passou na Câmara no começo de maio, mas agora aproveitam qualquer possibilidade de diálogo com os senadores para tentar influenciar o texto que poderá substituir o Obamacare.

Para algumas organizações nacionais de pacientes, de médicos e de hospitais, o fato de a liderança republicana no Senado ter decidido redigir o seu próprio texto criou uma oportunidade não vista na Câmara, onde o processo de aprovação foi conturbado, com sucessivas concessões aos republicanos da ala conservadora do partido.

Editoria de Arte/Folhapress
A LEI DA SAÚDE DE TRUMPProjeto transfere recursos de pobres para ricos
A LEI DA SAÚDE DE TRUMPProjeto transfere recursos de pobres para ricos

Diante da possibilidade menor de que os senadores republicanos consigam aprovar um texto —eles têm maioria apertada, com 52 dos 100 assentos,— os líderes das organizações já consideram que o diálogo é uma melhor opção.

"Estamos solicitando encontros com senadores, republicanos e democratas, para pedir que eles comecem o texto do zero, com uma discussão bipartidária e que mantenham as proteções aos pacientes", disse Erika Sward, vice-presidente da Associação Americana do Pulmão, que representa 32 milhões de americanos com doenças respiratórias.

Segundo Sward, os senadores têm se mostrado um pouco mais abertos ao diálogo. "Geralmente, os senadores reconhecem que representam Estados inteiros, e isso os torna diferentes dos deputados, que cuidam de distritos."

Representantes da Associação Médica Americana (AMA) também têm se encontrado com senadores nas últimas semanas.

Em carta ao líder da maioria republicana, Mitch McConnell, o presidente da AMA, James Madara, ressaltou que os médicos afiliados não iriam "apoiar mudanças que resultem em uma cobertura que esteja fora do alcance dos hoje segurados, que enfraqueça a rede de saúde ou que comprometa a capacidade dos médicos de oferecer tratamento".

As duas principais organizações de hospitais, a Associação Americana de Hospitais e a Federação de Hospitais Americanos, também enviaram cartas aos senadores, demonstrando preocupação com possíveis cortes ao Medicaid, sistema público voltado aos mais pobres.

Mas para Dick Woodruff, vice-presidente da Sociedade Americana do Câncer, que representa pacientes, o processo de discussão tem sido muito fechado mesmo no Senado.

"Apesar de estarmos sendo recebidos por assessores dos senadores, esses funcionários não têm acesso às decisões que estão sendo tomadas naquele momento em níveis superiores", disse Woodruff.

A diretora da Associação de Médicos e Cirurgiões Americanos, Jane Orient, também critica o debate "a portas fechadas". "Como você vai sugerir o que fazer quando só uns poucos 'insiders' sabem o que vai entrar na lei?"


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