Folha de S. Paulo


Após atentado, candidatos retomam campanha no Reino Unido

A campanha eleitoral britânica foi retomada nesta segunda-feira (5) após a interrupção temporária causada pelo atentado a Londres.

Três militantes mataram sete pessoas e deixaram 48 outras feridas no sábado (3) à noite, na ponte de Londres e no mercado de Borough. De acordo com os serviços de saúde britânicos, 18 dos feridos continuam em estado grave.

A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou a ação. A polícia identificou dois dos três terroristas como Khuram Butt, 27, e Rachid Redouane, 30.

Apesar de não ser a principal preocupação dos eleitores, em um pleito marcado pelo "brexit" e pelo sistema de saúde, a segurança deve dominar o debate dos próximos dias. As eleições serão realizadas na quinta-feira (8).

O enfoque beneficia, de alguma maneira, a primeira-ministra conservadora, Theresa May. Ela é vista como mais dura no combate ao terrorismo do que seu rival, o trabalhista Jeremy Corbyn.

Em um discurso no domingo, por exemplo, May sugeriu o endurecimento da legislação vigente, com maior regulação da internet para evitar a disseminação de mensagens radicais.

Mas a primeira-ministra também precisará enfrentar as acusações de que a insegurança é, em parte, resultado de políticas conservadoras dos últimos anos, com cortes no orçamento da polícia. O número de policiais armados, por exemplo, foi reduzido nesse período.

PEDIDO DE RENÚNCIA

Nesta segunda, Corbyn, em desvantagem nas pesquisas, acusou May de ser responsável pelos cortes nas forças policiais quando era secretária do Interior de seu antecessor, David Cameron. O trabalhista também disse que a premiê deveria renunciar ao cargo.

"Temos uma eleição nesta quinta, é a chance de removê-la", acrescentou Corbyn.

May defendeu seus antecedentes na área da segurança na segunda, em uma mensagem televisiva divulgada pela Sky e pela BBC. Acusou os trabalhistas de se oporem aos gastos com segurança e afirmou que Corbyn não está preparado para lidar com ameaças ao país.

A primeira-ministra declarou que os serviços de segurança –que responderam ao atentado em apenas oito minutos– foram "extraordinários". Afirmou ainda que a polícia tem os recursos necessários.

Mas o número de policiais foi reduzido durante o período em que May foi ministra do Interior. Havia 144 mil policiais na Inglaterra e no País de Gales em março de 2010. O valor foi a 124 mil em março de 2016, segundo a agência de notícias Reuters.

DETENÇÕES

As investigações prosseguiam durante a segunda-feira, com novas buscas e apreensões na região de Londres. Ao menos 12 pessoas haviam sido detidas no domingo em Barking, no leste da capital. Uma delas foi em seguida liberada.

A polícia ainda não identificou os três agressores, que morreram durante o atentado. Os jornais também não têm publicado informações sobre eles, apesar de já se saber, por exemplo, que um dos suspeitos seguia o pregador radical Ahmad Musa Jibril e já tinha sido denunciado às autoridades por extremismo há alguns anos.

Uma pesquisa da empresa Ipsos divulgada na sexta-feira sugere que os conservadores vão vencer as eleições com 45% dos votos, contra os 40% dos trabalhistas.

A sondagem foi feita de 30 de maio a 1º de junho com 1.046 adultos. A margem de erro é de 4 pontos percentuais em ambas as direções.

TUÍTE DE TRUMP

Nesta segunda, no microblog Twitter, o presidente dos EUA voltou a criticar o prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, que segundo Donald Trump apresentou "desculpas patéticas" sobre sua declaração de que não havia motivo para pânico.

No domingo, o presidente americano havia escrito: "Ao menos sete mortos e 48 feridos em um ataque e o prefeito de Londres diz que não há razões para alarme".

Um porta-voz de Khan retrucou dizendo que o prefeito tinha "coisas mais importantes a fazer do que responder a Trump".

Com agências de notícias


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