Folha de S. Paulo


Marcha das 'panelas vazias' em Caracas deixa ao menos 3 feridos

Centenas de manifestantes participaram neste sábado (3) da chamada marcha das "panelas vazias", em Caracas, para protestar contra o desabastecimento nos mercados e a fome.

O ato, na zona oeste da cidade, foi repreendido rapidamente pelas forças de segurança do governo de Nicolás Maduro, que usaram balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Ao menos três pessoas ficaram feridas, segundo jornal venezuelano "El Nacional".

Com gritos como "Só o governo está engordando", os manifestantes pediam a antecipação das eleições presidenciais, a libertações de ativistas presos e a permissão de entrada de ajuda humanitária, como o envio de alimentos e remédios.

Os controles de câmbio impostos pelo governo chavista, que dificultam a obtenção de dólares para importações, e a crise vivida pela agropecuária do país fazem com que a maioria dos supermercados da Venezuela estejam com prateleiras quase vazias. Segundo um estudo recente de três universidades do país, 93% dos venezuelanos não têm condição de comprar comida suficiente, e 73% perderam peso no último ano.

"Às vezes como só uma vez ao dia. Hoje não consegui achar pão para o café em nenhuma padaria. Vim aqui porque não posso apenas ficar em casa e assistir ao país cair aos pedaços", afirmou Consuelo, 60, manifestante que não quis divulgar o sobrenome e que batia colheres durante o protesto.

64 MORTES
A repressão à onda de protestos contra Maduro soma agora 64 mortes desde o início de abril. A última vítima é Yoiner Peña, 29, que morreu neste sábado (3) após ter sido baleado em uma manifestação no Estado de Lara (oeste), em abril.

O governo acusa os manifestantes de tentar desestabilizar o país e busca e propôs uma Assembleia Constituinte para reescrever a lei máxima do país, numa tentativa de conter as manifestações.

Na última quarta-feira (31), o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), composto por aliados de Maduro, deu aval à convocação da Constituinte sem a necessidade de um referendo.

No dia seguinte (1º), o presidente disse que a futura nova Constituição será submetida a referendo popular.


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