Folha de S. Paulo


Reunião de chanceleres da OEA sobre Venezuela termina sem acordo

Sem apoio dos países do Caribe, os chanceleres de 14 países da OEA (Organização dos Estados Americanos), incluindo o Brasil, não conseguiram aprovar um texto pedindo a suspensão da convocação de uma Assembleia Constituinte na Venezuela e a criação de um grupo de países para facilitar as conversas entre governo e oposição.

O que ficou decidido, após uma reunião de cinco horas na sede do organismo em Washington nesta quarta (31), é que os 34 países-membros continuarão negociando, até a Assembleia-Geral da OEA, de 19 a 21 de junho, em Cancún, para tentar chegar a um consenso.

Christian Veron/Reuters
Manifestantes contrários a Nicolás Maduro pedem ajuda a OEA em protesto em Caracas nesta quarta
Manifestantes contrários a Nicolás Maduro pedem ajuda a OEA em protesto em Caracas nesta quarta

A jornalistas, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Aloysio Nunes, negou que a reunião tenha sido um fracasso e que a não aprovação do texto seja uma prova do apoio que o governo de Nicolás Maduro ainda tem na OEA.

"Pelo contrário, foi uma convergência entre dois grupos de países que apresentaram projetos de resolução distintos mas que tinham como fundo comum a preocupação com a situação da Venezuela, o reconhecimento de que aí há uma crise e que a OEA tem toda a legitimidade para ajudar a resolver esta crise", disse o ministro.

Segundo ele, o pedido de suspensão do processo constituinte foi a principal divergência entre os 14 países do Caribe e os 14 países que defendiam um texto mais duro —Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai, Paraguai, EUA, Canadá, Chile, Peru, México, Costa Rica, Panamá, Honduras e Guatemala.

"O problema foi exatamente o processo constituinte", afirmou. "No entender do Brasil e dos países que compõem esse grupo é um ponto-chave, porque este processo, do jeito que ele foi lançado, é incompatível com o dialogo, é incompatível com a negociação séria entre governo e oposição e com a própria constituição venezuelana."

Em suas intervenções durante a reunião de chanceleres, Nunes e os representantes de outros dez países do grupo condenaram a convocação de uma Assembleia Constituinte por Maduro.

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, considerou o impasse mais derrota do secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, e disse que a oposição "deve se se sentir frustrada".

Horas antes, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela havia decidido que Maduro tem o poder de convocar a assembleia sem consulta prévia em referendo.


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