Folha de S. Paulo


Líder britânica pode perder maioria no Parlamento, diz pesquisa eleitoral

Stefan Wermuth - 18.abr.2017/Reuters
A premiê britânica, Theresa May, pede eleições antecipadas para 8 de junho durante coletiva em frente à residência oficial em Londres
A primeira-ministra britânica, Theresa May, em frente à residência oficial em Londres

Uma projeção divulgada nesta quarta-feira (31) sugere que a primeira-ministra britânica, Theresa May, pode perder a maioria dos assentos do Parlamento nas eleições gerais de 8 de junho.

A previsão, feita pela empresa YouGov, destoa de outras pesquisas recentes e deve ser recebida com cautela, diante das rápidas mudanças na intenção de voto. Mas a perspectiva deve preocupar o governo, que há algumas semanas esperava vencer o pleito com grande margem.

A projeção, com base em 50 mil entrevistas durante uma semana, aponta que o Partido Conservador teria 310 assentos, menos do que os 331 conquistados em 2015. O Parlamento tem 650 vagas.

O Partido Trabalhista, de oposição, tomaria 257 assentos, em comparação aos 232 de 2015, afirma a pesquisa.

O cálculo, no entanto, pode ser bastante impreciso. Os assentos são decididos por distrito, e não apenas pela porcentagem geral de voto.

Apesar da previsão de 310 assentos aos conservadores, a margem é ampla: a mesma pesquisa diz que o número pode ir desde 274 até 345.

Outras empresas fazem previsões bastante distintas, também, chegando a projetar uma imensa vitória conservadora por 371 assentos.

Na dúvida, a libra esterlina desvalorizou nesta manhã quando os mercados abriram na Ásia, caindo para US$ 1,278 –o seu pior valor desde a convocação destas eleições, em 18 de abril.

'BREXIT'

É um momento bastante delicado para o governo conservador perder sua maioria e viver uma crise política.

As negociações formais para o "brexit" devem começar em junho, retirando o Reino Unido da União Europeia, como decidido por um voto popular em 23 de junho de 2016 –um cenário que, aliás, contrariou as pesquisas divulgadas na véspera.

Ao convocar as eleições antecipadas, May esperava na verdade ampliar o número de parlamentares e, assim, ter uma margem de manobra mais ampla para decidir os termos da saída do bloco –ela quer deixar também o mercado único europeu, que congrega 500 milhões de consumidores.

Perdendo a maioria, May enfrentaria uma crise de liderança no partido, no qual ela esperava se consolidar.

Sua campanha tem sido criticada por uma série de propostas sociais impopulares, entre elas aumentar os gastos com o cuidado de idosos. A medida foi apelidada de "imposto sobre a demência" por seus oponentes.

Ela foi provavelmente prejudicada também pela estratégia de se aproximar dos eleitores tradicionais do Partido Trabalhista, com propostas mais à esquerda de sua própria sigla –com isso, ela não convenceu parte do público e alienou a própria base, segundo analistas.

Por outro lado, May deve se beneficiar de suas posturas duras em relação ao "brexit", atraindo a população que apoia a saída do Reino Unido do bloco.


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