Folha de S. Paulo


Assembleia Constituinte poderá tomar decisões 'acima da lei', diz Maduro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, definiu neste domingo (28) a controversa Assembleia Constituinte convocada por ele como um "poder supremo", que poderá tomar decisões "acima da lei".

"O que pode fazer a Assembleia Constituinte? Tudo o que queira. É o grande Poder (...). Pode emitir uma norma constitucional, acima da lei, estabelecendo leis firmes e de cumprimento obrigatório para todas as instituições: o Ministério Público, tribunais, e assim por diante ", disse durante seu programa semanal na televisão estatal VTV.

Handout/Reuters
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa durante uma reunião com simpatizantes no palácio de Miraflores, em Caracas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas

"É uma Constituinte para ter o poder supremo de lutar contra a corrupção em todos os lugares onde ela está. É uma Constituinte para mudar tudo", disse.

A iniciativa da Maduro é rechaçada pela oposição, que considera a Constituinte uma tentativa do presidente de se sobrepor ao Legislativo, hoje dominado por rivais.

A inscrição de candidatos ocorrerá nas próximas quinta e sexta feira. A eleição deve ocorrer no final de julho, em um sistema que combina votações por municípios e por setores sociais.

Esse mecanismo é considerado por analistas e dirigentes opositores uma manobra de Maduro para driblar o voto universal e garantir o poder, num momento em que sua gestão é reprovada por sete em cada dez venezuelanos.

A oposição afirma que o sistema deturpa a proporcionalidade do voto, princípio estabelecido na Constituição venezuelana, que prevê maior representação nas áreas com população maior.

Segundo Maduro, o distrito de Caracas, com mais de 2 milhões de habitantes, elegerá sete delegados, enquanto o de Amazonas, com 150 mil, elegerá oito.

Às vésperas de completar dois meses, a onda de protestos contra o governo venezuelano já soma 59 mortos.

Christian Veron/Reuters
Confronto entre policiais e manifestantes durante protesto contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas
Confronto durante protesto contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas

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