Folha de S. Paulo


Justiça da Bolívia condena ex de Evo Morales a dez anos de prisão

A Justiça da Bolívia condenou nesta terça-feira (23) Gabriela Zapata, ex-namorada de Evo Morales, a dez anos de prisão por lavagem de dinheiro, tráfico de influência, peculato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Ex-gerente da empresa chinesa CAMC, Zapata foi condenada sob a acusação de usar sua relação com o presidente para conseguir vantagens em licitações. A companhia tem contratos com o Estado de US$ 400 milhões.

Jorge Bernal/AFP
Ex-namorada de Evo Morales, Gabriela Zapata é presa em 2016; ela foi condenada a dez anos de prisão
Ex-namorada de Evo Morales, Gabriela Zapata é presa em 2016; ela foi condenada a dez anos de prisão

O Tribunal de Justiça de La Paz acolheu os argumentos da Promotoria, que a acusou de ter superfaturado o valor das licitações e usado o dinheiro para benefício próprio, levando a rápido crescimento de seu patrimônio.

Devido à acusação de enriquecimento ilícito, a Justiça determinou a prisão preventiva da ex-executiva da CAMC em fevereiro. Ela cumprirá a pena em uma penitenciária de segurança máxima perto de La Paz.

Além dela, foram condenados por participação no esquema da ex-namorada de Evo Cristina Choque, ex-diretora de Gestão Social do Ministério da Presidência, e o ex-motorista da Presidência Jimmy Morales.

Ao ser anunciada a sentença, Zapata chorava. No início do julgamento, ela acusou os juízes de terem violado seus direitos de defesa e de não apresentar sua versão. A defesa alegou que não havia provas contra ela.

Eles questionaram a falta de perícia, de uma declaração da Unidade de Investigações Financeiras e a investigação do Ministério Público sobre a origem dos 8 milhões de bolivianos (R$ 3,79 milhões) da ex-executiva.

A irmã de Zapata, Paola, disse que sua irmã foi perseguida. "Moro em um país onde o governo lava as mãos e a oposição é medíocre por investigar só o que lhe é conveniente", afirmou, em uma rede social.

O senador opositor Oscar Ortiz considerou a condenação um acerto entre a Justiça e o Executivo, lamentando que o Ministério Público não tenha investigado a fundo os laços da ex-namorada de Evo e as autoridades.

"Em nenhum momento neste julgamento foram incluídos os executivos da CAMC, nem ministros e autoridades do Estado que fizeram negócios com eles. Zapata só foi responsabilizada por delitos menores", disse.

GRAVIDEZ

O caso foi revelado pelo jornalista boliviano Carlos Valverde em fevereiro de 2016. Ele também afirmou na época que Zapata tinha tido um filho com o presidente, que nunca se casou nem teve descendentes. Ela foi presa três dias depois da denúncia.

Na semana seguinte, Evo Morales chegou a pedir para ver a criança e chegou a abrir um processo judicial para declarar a paternidade. A Promotoria, porém, disse que o bebê nunca existiu e que a ex teria falsificado uma certidão de nascimento, e a Justiça encerrou o processo de paternidades por falta de provas da existência.


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