Folha de S. Paulo


Trump pediu à inteligência dos EUA que negasse elo com russos, diz jornal

Kevin Lamarque-10.mai.2017/Reuters
U.S. President Donald Trump speaks to reporters after his meeting with Russian Foreign Minister Sergey Lavrov at the White House in Washington, U.S., May 10, 2017. REUTERS/Kevin Lamarque ORG XMIT: WAS210
Donald Trump fala à imprensa após o encontro com o chanceler da Rússia na Casa Branca

O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu a duas altas autoridades de inteligência do país que o ajudassem a interromper a investigação do FBI (polícia federal americana) sobre a suposta interferência da Rússia a favor da campanha do republicano nas eleições, segundo funcionários disseram ao jornal "The Washington Post".

O pedido teria sido feito em março, separadamente, ao diretor de Inteligência Nacional, Daniel Coats, e ao chefe da NSA (Agência de Segurança Nacional), Michael Rogers.

Nas conversas, de acordo com a reportagem do "Post" desta segunda-feira (22), Trump lhes recomendou que negassem publicamente a existência de qualquer evidência de conluio entre a campanha republicana e os russos. Coats e Rogers, então, teriam recusado a proposta, considerando-a inapropriada.

Se confirmada, a informação tende a agravar a imagem de Trump em decorrência desse inquérito do FBI. Na semana passada, o "The New York Times" divulgou que em fevereiro o presidente pediu ao então diretor do FBI, James Comey, que encerrasse uma investigação federal sobre Michael Flynn, um dia depois de o conselheiro de Segurança Nacional renunciar.

O registro do pedido de Trump teria sido feito por escrito por Comey, demitido por Trump no último dia 9, de acordo com dois funcionários do governo que tiveram acesso ao documento.

Se confirmada a existência do memorando —que não foi visto pela reportagem do "New York Times"—, essa será a primeira evidência de que o presidente tentou interferir nas investigações sobre possíveis ligações de membros da sua equipe com a Rússia durante as eleições.

Flynn caiu após ter sido revelado que discutiu as sanções aplicadas contra Moscou com o embaixador russo, Sergey Kislyak, antes mesmo de Trump tomar posse.

Até a conclusão desta edição, a Casa Branca não havia se manifestado sobre a reportagem do "Post". Na última quinta (18), Trump disse ser alvo da "maior caça às bruxas" da história do país, após a indicação de um conselheiro especial para supervisionar a investigação do FBI.


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