Folha de S. Paulo


Opositores voltam a prostestar contra Maduro; um policial é morto

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Manifestantes contrários ao governo bloqueiam via em Caracas, na Venezuela
Manifestantes contrários ao governo bloqueiam via em Caracas, na Venezuela

Manifestantes ocuparam nesta segunda-feira (15) avenidas em diferentes partes da Venezuela, ao entrar na sétima semana de protestos contra o presidente Nicolás Maduro.

Dezenas de pessoas permaneciam mobilizadas na principal via de Caracas, a rodovia Francisco Fajardo, no que a liderança opositora chama de "grande plantão contra a ditadura".

O dia de protesto se estenderá por 12 horas até as 19h locais (20h de Brasília), disse a jornalistas Freddy Guevara, vice-presidente da Assembleia Nacional, controlada pela oposição.

Guevara indicou que 50 plantões similares seriam realizados em diferentes locais do país.

"É um dia de resistência, de paciência, de demonstrar organização e firmeza", declarou o deputado, ressaltando que o objetivo é "gerar uma espécie de ingovernabilidade".

Na cidade de Valencia, localizada 150 quilômetros a oeste de Caracas, um policial foi morto durante confrontos com manifestantes.

Segundo o governador local, Francisco Ameliah, que é chavista, o agente foi atingido na cabeça por um tiro disparado por um sniper. "Setores da oposição estão coordenando a violência", afirmou.

Veja vídeo

ONDA DE PROTESTOS

Desde o início de abril, Maduro enfrenta uma onda de protestos que deixou cerca de 40 mortos e centenas de feridos e detidos –segundo organizações de direitos humanos, dezenas de civis foram julgadas em tribunais militares.

Os opositores exigem eleições gerais para resolver a grave crise política e econômica e rejeitam a convocação do presidente de uma Assembleia Constituinte popular.

"Não há forma de a Venezuela se calar (...) Enquanto houver ditadura, não haverá tranquilidade", disse Guevara.

A coalizão de partidos Mesa da Unidade Democrática (MUD) afirma que, com a Constituinte, Maduro busca evitar qualquer eleição, já que de antemão se sente perdido ao ter sua gestão rejeitada por sete em cada dez venezuelanos, de acordo com pesquisas.

Mas o governante socialista disse na sexta-feira que "em 2018, com chuva, trovão ou relâmpagos, a Venezuela terá eleições presidenciais", como ordena a lei.

Até o momento estão pendentes as eleições de governadores, que deveriam ter sido realizadas em 2016, enquanto as de prefeitos estão marcadas para este ano.

Maduro acusa a oposição de ter tomado o caminho da insurgência armada para aplicar um golpe de Estado, com apoio logístico e financeiro dos Estados Unidos.


Endereço da página:

Links no texto: