Folha de S. Paulo


Partido de Merkel vence eleições regionais na Alemanha

Christian Charisius/AFP
Daniel Guenther, candidate of the Conservative Christian Democrats (CDU) party for the Schleswig-Holstein state election speaks after the first election polls on Schleswig-Holstein state elections in Kiel, northern Germany, on May 7, 2017. Voters in Germany's northernmost state Schleswig-Holstein go to the polls, in a regional election to be scrutinised for clues on whether left-wingers can unseat conservative Chancellor Angela Merkel in September. / AFP PHOTO / dpa / Christian Charisius / Germany OUT ORG XMIT: 90-016230
Daniel Guenther, candidato do partido conservador CDU discursa após eleição regional

O partido conservador de Angela Merkel venceu neste domingo (7) as eleições regionais no norte da Alemanha, confirmando seu favoritismo a cinco meses das legislativas e em um momento em que a ameaça social-democrata de Martin Schulz começa a desaparecer.

Os democratas-cristãos da CDU conquistaram entre 33 e 33,8% dos votos no estado federal de Schleswig-Holstein, no extremo norte do país, às margens dos mares Norte e Báltico.

Já o partido social-democrata (SPD), que até agora governava esta região fronteiriça com a Dinamarca, obteve entre 26,3 e 26,7%, um recuo importante em relação há cinco anos, segundo as estimativas dos canais ARD e ZDF.

Esta região agrícola representa, com 2,3 milhões de pessoas, menos de 3% da população alemã. Mas o resultado é seguido de perto porque se trata das penúltimas eleições antes das legislativas de 24 de setembro.

Trata-se de um verdadeiro revés para o novo presidente do SPD, Martin Schulz, e para suas esperanças de vencer Angela Merkel que, após 12 anos no poder, disputará um quarto mandato em outubro.

"É uma triste noite eleitoral para o SPD", reconheceu Schulz em Berlim após a divulgação dos resultados.

Um dos dirigentes da CDU, Peter Tauber, desejou ironicamente "muito ânimo" aos social-democratas nas legislativas.

REVIRAVOLTA

A derrota do SPD representa uma "reviravolta" em favor de Angela Merkel, segundo estimou o jornal "Die Welt".

"Seria a primeira vez, desde a sua chegada à chancelaria em 2005, que a CDU reconquistaria um dos muitos estados regionais perdidos durante este período", indica.

Seria um novo golpe para o SPD, que havia recuperado as esperanças com a chegada à frente do partido no início deste ano do ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

Novo na cena política alemã, Schulz inicialmente propiciou um retorno de seu movimento ao centro da política, aparecendo empatado com os conservadores nas pesquisas.

Mas essa "Schulzmania" também ligada ao seu programa de ruptura, muito aclamado pela esquerda em questões sociais, desmoronou nas últimas semanas: o SPD perdeu a eleição regional em Saarland no final de março e sofre um declínio de 8 pontos em todo o país, de acordo com o último levantamento da Stern e RTL, com 28% das intenções de voto contra 36% da CDU.

Após Schleswig-Holstein, o próximo teste para os social-democratas será no próximo domingo no seu reduto da Renânia do Norte-Vestfália, estado mais populoso do país, que os social-democratas dirigem quase sem interrupção desde a guerra.

Segundo as últimas pesquisas, a disputa será muito apertada entre o SPD e a CDU.

RETROCESSO DO AFD

Dado os desafios, Angela Merkel viajou para Schleswig-Holstein para apoiar seu candidato, Daniel Günther, de 43 anos.

O SPD também enviou Schulz para as cidades de Kiel e Lübeck na quinta-feira para apoiar o presidente local, Torsten Albig, de 53 anos.

Nesta região na fronteira com a Dinamarca, onde a campanha foi dominada pelas questões da energia renovável e transportes, a atual coalizão entre os Verdes e o partido da minoria dinamarquesa (SSW) parece ameaçada.

Porque, como no resto do país, os ambientalistas têm perdido força.

Um retrocesso também sentido pelo partido anti-europeu e anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AFf).

Esta formação, que angariou apoio ao criticar a decisão de Merkel de abrir o país aos refugiados, é vítima de disputas internas entre a ala de linha dura e os partidários de uma linha mais moderada.

Em Schleswig-Holstein e na Renânia do Norte-Vestfália, o AfD pode não alcançar o mínimo de 5% para entrar no Parlamento.


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