Folha de S. Paulo


Não reagir contra Pyongyang pode ser catastrófico, diz secretário dos EUA

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, pediu nesta sexta-feira (28) mais sanções da ONU contra a Coreia do Norte e criticou a organização por não fazer cumprir as punições já existentes contra o país comunista.

A pressão às Nações Unidas é feita após semanas de tensão com os movimentos militares dos EUA e do regime de Kim Jong-un na Península Coreana. O governo de Donald Trump também pede maior ação da China.

Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA/Reuters
Caças dos EUA e da Coreia do Sul deixam a base aérea de Kunsan para exercícios militares
Caças dos EUA e da Coreia do Sul deixam a base aérea de Kunsan para exercícios militares

Em reunião do Conselho de Segurança, o chefe da diplomacia disse que não reagir para restringir o avanço nuclear e o programa de mísseis de longo alcance norte-coreano pode ter "consequências catastróficas".

Para ele, a tensão não teria chegado a esse ponto se o conselho tivesse aplicado de fato as sanções. E declarou que os EUA "não hesitarão" em punir empresas estrangeiras que façam negócios como regime comunista.

Tillerson considera que a China possui uma cartada econômica única sobre Pyongyang e, por isso, deve atuar mais na crise. O chanceler chinês, Wang Yi, respondeu, dizendo que a solução não está nas mãos de Pequim.

"É necessário colocar em segundo plano o debate sobre quem tomou o primeiro passo e parar de discutir quem está certo ou errado. Agora é o momento para considerarmos seriamente a retomada do diálogo."

O americano respondeu: "Não vamos negociar nossa volta ao diálogo com a Coreia do Norte. Não vamos premiar suas violações a resoluções passadas, não vamos premiar seu mau comportamento com diálogo."

Ele negou que a Casa Branca tenha a intenção de derrubar o regime e disse preferir uma solução negociada, mas o país comunista deve acabar com seus programas nuclear e de mísseis para seu próprio bem.

"A ameaça de um ataque nuclear em Seul ou Tóquio é real e é uma questão de tempo para que eles desenvolvam a capacidade de poder atingir o território americano", afirmou, reiterando a ameaça de uso da força militar.

O chanceler chinês diz que as ameaças não vão resolver a crise. Esta também é a opinião do vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, que considera que um ataque aos norte-coreanos seria "completamente inaceitável".

"A retórica combativa e a movimentação de forças de forma descuidada levaram a uma situação em que o mundo inteiro agora está seriamente se perguntando se haverá guerra ou não", disse. "Um pensamento doentio ou um passo mal interpretado pode levar às consequências mais assustadoras e lamentáveis."

SANÇÕES

A Coreia do Norte foi submetida em 2006 às primeiras sanções contra seu programa nuclear e os testes de mísseis. As punições foram fortalecidas na sequência de seus cinco testes atômicos —o último em setembro de 2016.

Após o primeiro as potências tentaram uma negociação com Pyongyang, que foi paralisado em 2008. Quatro anos depois, Barack Obama quis recuperá-lo, mas um acordo foi rompido em poucos meses.

A delegação de Pyongyang não participou da reunião do Conselho de Segurança. O vice-representante do regime, Kim In-ryong, disse que a tensão só se reduziria com a saída do reforço militar americano na península.

"Esta reunião é mais um abuso de autoridade [dos EUA]. É um mero sonho dos EUA pensar que vão conseguir desprover a Coreia do Norte de seu dissuasor nuclear através de ameaça militar ou sanções."


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