Folha de S. Paulo


Protestos contra e a favor de Maduro terminam com 2 mortos na Venezuela

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Manifestante encapuzado joga de volta bomba de gás lacrimogêneo atirada pela polícia em protesto
Manifestante encapuzado joga de volta bomba de gás lacrimogêneo atirada pela polícia em protesto

Duas pessoas foram baleadas e mortas nesta segunda-feira (24) em manifestações na Venezuela, elevando para 23 o total de óbitos em quatro semanas de atos contra e a favor do governo do presidente Nicolás Maduro.

Renzo Rodríguez, 54, morreu ao ser atingido por membros de coletivos (milícias armadas chavistas) em protesto da oposição em Barinitas (a 523 km de Caracas). Um homem de 19 anos está em estado grave após ser baleado.

Em Mérida (a 665 km da capital) homens armados mataram o funcionário público Jesús Sulbarán em manifestação pró-governo. Segundo o defensor do povo, Tarek William Saab, outras três pessoas foram gravemente feridas.

Apesar das duas mortes, a maior parte das mobilizações foi pacífica. Os opositores chamaram seus seguidores para ocupar avenidas e estradas de grande movimento e interromper o trânsito de forma pacífica.

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Manifestante opositora pega sol durante paralisação de uma das autoestradas de Caracas
Manifestante opositora pega sol durante paralisação de uma das autoestradas de Caracas

Além das palavras de ordem e os cartazes, os participantes do protesto se sentaram nas vias e faziam atividades como ler, tocar instrumentos ou tomar sol. Eles fecharam duas autoestradas de Caracas por oito horas.

Os manifestantes eram observados à distância pela Polícia e a Guarda Nacional e intimidados por coletivos. Porém, cerca de cem manifestantes encapuzados decidiram entrar em confronto com as forças de segurança.

Assim como nas outras manifestações, eles armaram e atearam fogo em barricadas em uma avenida e queimaram um caminhão. Os agentes dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o grupo.

NOVO ATO

Os dirigentes da oposição convocaram para uma nova manifestação nesta quarta (26). As concentrações deverão acontecer em cidades do interior e também em 26 pontos de concentração na capital.

Desta vez, a intenção é tentar ocupar o município de Libertador, que inclui o centro e a zona oeste de Caracas, local em que os adversários de Maduro são impedidos de avançar com os seus atos pelas forças de segurança.

O território é comandado pelo Jorge Rodríguez, um dos principais integrantes da cúpula do chavismo, e tem vários redutos governistas. Nos últimos dias, no entanto, alguns bairros se rebelaram contra as autoridades.

Uma deles foi El Valle, onde 11 pessoas morreram em um saque após um protesto violento na madrugada de sexta (21). No fim de semana, o governo fez ações como entrega de comida e atendimento médico aos moradores.


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