Folha de S. Paulo


Impacto de ataque a tiros sobre votação de Le Pen preocupa rivais

Christian Hartmann - 20.abr.2017/Reuters
REFILE - CORRECTING CASUALTY NUMBER Masked police stand on top of their vehicle on the Champs Elysees Avenue after a policemen was killed and two others were wounded in a shooting incident in Paris, France, April 20, 2017. REUTERS/Christian Hartmann TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: PAR129
Polícia patrulha avenida Champs-Elysées após o ataque que deixou um policial morto

O tiroteio de quinta-feira em Paris, com um policial morto em Champs-Élysées, dominou o debate para as eleições deste domingo (23).

O tema foi discutido pelos presidenciáveis no último dia de campanha para o primeiro turno, potencialmente favorecendo a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, da Frente Nacional.

Ela tem 22% das intenções de voto, atrás do centrista Emmanuel Macron, com 24%. A pesquisa foi divulgada na sexta-feira (21) pelo instituto Ipsos e tem margem de erro de 1,8 ponto percentual em ambas as direções.

A segurança é uma das prioridades do eleitor francês, já preocupado com uma série de atentados, incluindo aquele que deixou 130 mortos em Paris e arredores em 2015. A França está em estado de emergência desde então.

Por outro lado, atentados precederam outras eleições francesas, como um pleito regional na sequência dos ataques de Paris, sem efeito aparente. O ataque a um soldado no Museu do Louvre, em fevereiro, tampouco impactou pesquisas de voto.

O assassinato na avenida Champs-Élysées, a mais emblemática de Paris, com um fuzil automático foi reivindicado pela organização terrorista Estado Islâmico e, apesar de não haver provas do envolvimento da facção, é investigado como terrorismo.

O governo francês disse que o atirador, morto no local, deixou uma nota defendendo a milícia radical. Karim Cheurfi, 39, havia passado dez anos detido por outros ataques contra policiais.

As autoridades voltaram a investigá-lo em fevereiro após informações de que planejava outra ação, mas concluíram que não havia provas que justificassem a prisão. Também não existiam à época sinais de radicalização.

Le Pen defendeu nesta sexta o reforço das fronteiras, em uma campanha marcada, nos últimos meses, por sua aversão a migrantes.

Ela acusou o islã radical de ser uma "ideologia totalitária bárbara e monstruosa" e pediu a expulsão imediata de estrangeiros identificados como potenciais ameaças.

Macron, por sua vez, acusou sua rival de utilizar o incidente para fins eleitorais.

O centrista disse que Le Pen mentiu ao afirmar que teria protegido o país se já fosse presidente. É impossível chegar, ao "risco zero", afirmou. "Ela não será capaz de proteger nossos cidadãos."

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou à agência de notícias Associated Press que a candidata, por ser a mais linha-dura, será beneficiada pelo tiroteio em Paris.

"Ela é a que têm a posição mais forte em relação às fronteiras e a mais forte para lidar com o que está acontecendo com a França", disse.

O governo francês irá mobilizar 50 mil policiais e 7.000 soldados para a segurança da votação deste domingo.

Estação Franklin Roosevelt

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