Folha de S. Paulo


GM encerra operações na Venezuela após confisco de fábrica da montadora

Stan Honda/AFP
GM encerra atividades na Venezuela
GM encerra atividades na Venezuela

A General Motors anunciou nesta quarta-feira (19) o encerramento das suas operações na Venezuela depois que o governo Nicolás Maduro confiscou uma unidade da montadora no centro industrial de Valencia ( a 172 km da capital Caracas).

Segundo a empresa, que operava no país desde 1948, a fábrica foi tomada e forma "inesperada" na terça-feira (19), quando manifestações de chavistas e da oposição ocorriam em diversas cidades venezuelanas.

Além de impedir as operações do local, outros ativos, como veículos, foram retirados das instalações durante a ação de confisco, de acordo com a montadora.

"A GMV [General Motors Venezuela] repudia as medidas arbitrárias tomadas pelas autoridades e irá tomar todas as todas as medidas legais, dentro e fora da Venezuela, para defender seus direitos", completou.

A decisão da companhia foi tomada em meio a uma crise econômica cada vez mais grave na Venezuela, que já afetou diversas empresas norte-americanas.

A GM era uma das poucas montadoras que ainda se mantinham no país.

A indústria automobilística venezuelana sofre com a falta de matéria-prima e o controle cambiário e de remessas ao exterior.

Segundo a GM, com o fechamento da fábrica, 2.678 funcionários das fábricas e 3.900 trabalhadores de suas 79 concessionárias perderão seus empregos. A empresa prometeu pagar os direitos trabalhistas de todos.

Em Washington, o Departamento de Estado dos EUA afirmou em comunicado que estava analisando detalhes do caso da montadora e pediu às autoridades venezuelanas que resolvessem o caso de forma ágil e transparente. A declaração pontuou que um sistema judicial justo é essencial para restabelecer o crescimento econômico.

GOVERNO MADURO

O governo Maduro não comentou o caso da General Motors. O assédio a empresas estrangeiras, porém, é prática comum na Venezuela desde Hugo Chávez.

O país enfrenta atualmente acusações de apreensão ilegal de ativos feitas por mais de 25 companhias em um painel de arbitragem patrocinado pelo Banco Mundial.

Nesta quinta-feira (20), Maduro pediu que a operadora Movistar, pertencente à Telefônica, seja investigada sob a acusação de ter feito uma "guerra cibernética" durante a atual onda de protestos que já acontecem há 20 dias no país (leia texto ao lado)

O anúncio do fim das operações da GM na Venezuela ocorre em meio a uma onda de manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Na quarta, os protestos terminaram com a morte de um guarda e dois civis.


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