Folha de S. Paulo


Ataque químico na Síria foi '100% forjado', diz Bashar al-Assad

O ditador da Síria, Bashar al-Assad, afirmou que o ataque químico que matou ao menos 80 pessoas na semana passada na cidade de Khan Sheikhun foi "100% forjado". Ele também criticou a reação do governo dos Estados Unidos, que bombardeou uma base aérea no país.

"Para nós, trata-se de um evento 100% forjado (...) Nossa impressão é que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, é cúmplice dos terroristas e montou essa história para servir de pretexto aos bombardeios", afirmou Assad em entrevista à agência de notícia AFP divulgada nesta quinta-feira (13). Esta foi a primeira entrevista concedida pelo ditador desde o ataque químico.

Assad também disse que seu regime já não possui armas químicas e que seu arsenal foi entregue em 2013 após as suspeitas de um ataque químico próximo a Damasco. Além disso, ele afirmou que o uso de armas químicas contra civis, além de ser "moralmente errado", não faria sentido do ponto de vista militar, visto que o regime sírio vem conquistando uma série de avanços territoriais.

A narrativa apresentada pelo ditador sírio sobre os acontecimentos de 4 de abril divergem integralmente da versão defendida pelo governo dos Estados Unidos, que diz não ter dúvidas de que o regime de Assad é responsável pelo ataque químico.

Imagens mostram civis agonizando após um ataque em Khan Sheikhun, em território controlado por grupos rebeldes que lutam para derrubar Assad. Segundo especialistas, autópsias confirmam a utilização de armas químicas no incidente.

"Os Estados Unidos não são sérios [na busca] de qualquer solução política. Eles querem usar o processo político como um guarda-chuva para os terroristas", declarou Assad.

Sobre os bombardeios americanos da madrugada de sexta-feira (7) contra a base aérea de Al Shayrat, em Homs, Assad afirmou que "nosso poder de fogo, nossa capacidade de atacar os terroristas não foi afetada". Os Estados Unidos dizem que o ataque destruiu cerca de 20% das capacidades da Força Aérea síria.

Assad pediu uma "investigação imparcial" sobre o suposto ataque químico. A Rússia, principal aliada da Síria, vetou nesta quarta (12) uma resolução no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que pedia uma investigação extensa em instalações do regime sírio –Moscou sugere que especialistas também visitem o local do suposto ataque químico, em Khan Sheikhun.

Folha Explica - Síria

FOGO AMIGO

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que combate a organização terrorista Estado Islâmico (EI) anunciou nesta quinta-feira ter atingido por engano na terça (11) uma força aliada na Síria, matando 18 combatentes.

"O ataque foi solicitado por forças aliadas, que identificaram a localização do alvo como um posto de combate do EI. Na realidade, era uma posição das Forças Democráticas Sírias", informou a coalizão militar.

As Forças Democráticas da Síria são um grupo formado por milícias árabes e curdas que participa da batalha em solo contra o EI com o apoio tático dos Estados Unidos.

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