Folha de S. Paulo


Venezuela registra mais duas mortes em protestos contra o governo Maduro

A Venezuela registrou mais duas mortes em meio à onda de protestos contra o governo Nicolás Maduro.

As vítimas foram um garoto de 13 anos e um homem de 36. Eles morreram na noite de terça-feira (11) durante manifestações na cidade de Barquisimeto, no oeste do país, segundo informou o Ministério Público.

O adolescente, cuja identidade não foi revelada, e o adulto Miguel Colmenares morreram em incidentes separados, que também deixaram um homem de 32 anos ferido, de acordo com o boletim do órgão.

A Promotoria declarou ainda que, segundo informação preliminar, as vítimas estavam em manifestações na cidade, mas não precisou as circunstâncias das mortes.

Segundo o oposicionista Henri Falcón, governador do Estado de Lara, onde fica a cidade de Barquisimeto, após uma queda de luz, "infiltrados" e "delinquentes" armados circularam pela cidade. "Eles passam pelos bairros e atiram nas pessoas que estão protestando", disse.

Também da oposição, o deputado Alfonso Marquina havia afirmado antes do boletim da Promotoria que um adolescente havia sido morto em Barquisimeto, vítima por grupos armados pró-governo.

Duro crítico do chavismo, o cardeal venezuelano Jorge Urosa exigiu nesta quarta-feira (12) que o governo desative os grupos de apoiadores civis armados. Para o religioso, a existência dos coletivos é ilegal e conta com a impunidade.

A missa celebrada por ele, no centro de Caracas, terminou com tapas, gritos e empurrões entre chavistas e opositores dentro da Basílica de Santa Teresa, repleta de dirigentes políticos.

Urosa, que precisou sair escoltado por policiais, tinha pedido pela manhã para "não politizar" os atos da Semana Santa, depois que dirigentes opositores propuseram que os fiéis participassem da procissão com a bandeira venezuelana.

Christian Veron/Reuters
Confronto entre policiais e manifestantes durante protesto contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas
Protesto contra o governo Maduro no início da semana, em Caracas

ONDA DE PROTESTOS

A onda de protestos contra o governo Maduro, iniciada no início do mês, já havia registrado três mortes. O manifestante Daniel Queliz, 20, foi baleado e morto na segunda-feira (10). As outras duas vítimas não tinham relação com as mobilizações, mas morreram em meio à repressão das forças de segurança.

A série de manifestações teve início em 30 de março, quando o Tribunal Supremo de Justiça, dominado pelo governo, determinou o fim da imunidade parlamentar e a retirada do poder de legislar da Assembleia Nacional.

A oposição, que controla o Legislativo, e a maioria dos países das Américas viram as sentenças como um golpe de Maduro. As decisões foram revertidas três dias depois.

Os atos ganharam novo fôlego na sexta (7) quando a Controladoria-Geral cassou por 15 anos os direitos políticos do ex-presidenciável Henrique Capriles.


Endereço da página:

Links no texto: