Folha de S. Paulo


Merkel e Hollande culpam Assad por ataque dos EUA contra base na Síria

Mass Communication Specialist 3rd Class Ford Williams/U.S. Navy via AP
Imagem cedida pela Marinha dos EUA do navio USS Porter lançando um míssil Tomahawk do mar Mediterrâneo em direção à Síria
Imagem do navio USS Porter lançando um míssil Tomahawk do mar Mediterrâneo em direção à Síria

Governos europeus apoiaram nesta sexta-feira (7) o bombardeio americano a uma base aérea síria como retaliação ao uso de armas químicas contra civis.

O presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, divulgaram pela manhã um comunicado conjunto responsabilizando o regime de Bashar al-Assad pela crise. "Assad tem total responsabilidade por esses acontecimentos. Seu uso contínuo de armas químicas e seus crimes em massa não podem permanecer sem punição."

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, afirmou que o bombardeio é "compreensível" devido ao fracasso das Nações Unidas em tomar medidas efetivas após o suposto ataque químico. "Foi quase insuportável ver o Conselho de Segurança da ONU não ser capaz de reagir com clareza e sem ambiguidades ao uso bárbaro de armas químicas contra pessoas inocentes", disse, durante uma viagem ao Mali.

A França e a Alemanha foram alertadas sobre o ataque americano na véspera da ação, afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Marc Ayrault, que descreveu o bombardeio como um "aviso a um regime criminoso". Ambos os países europeus afirmaram que vão manter seus esforços nas Nações Unidas para impôr sanções ao uso de armas químicas e para avançar com a transição política na Síria.

O secretário de Defesa do Reino Unido, Michael Fallon, disse também na sexta que o governo britânico apoia o ataque americano, mas não planeja suas próprias ações militares contra a Síria. "Nosso Parlamento considerou isso em 2013 e o rejeitou", disse, referindo-se a uma consulta fracassada sobre essa opção militar.

Onde foi o ataque

Diversos outros aliados americanos se pronunciaram a favor do bombardeio, incluindo Austrália, Israel, Arábia Saudita e Japão, enquanto Irã e Rússia –aliados da Síria– o condenaram. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o ataque americano foi um desenvolvimento "positivo", mas pediu pela escalada.

"É o suficiente? Não acho que seja o suficiente. Está na hora de tomar passos sérios para a proteção da população inocente na Síria", disse. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, pediu a saída imediata de Assad.

"Se ele não quiser ir embora, se não houver um governo de transição e se ele continuar a cometer crimes contra a humanidade, os passos necessários para retirá-lo devem ser tomados."

BRUTALIDADE

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo às partes envolvidas para que evitem "quaisquer atos que possam aumentar o sofrimento do povo sírio".

Como outros líderes ocidentais, a liderança da União Europeia também apoiou o bombardeio americano. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que os ataques demonstraram a convicção do Ocidente em reagir a ataques químicos. "A União Europeia vai trabalhar com os EUA para encerrar a brutalidade na Síria", afirmou. O conselho determina a política do bloco.

O líder da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse "compreender" o ataque americano, pois "o uso dessas armas deve ter resposta". "Há uma clara distinção entre ataques aéreos em alvos militares e o uso de armas químicas contra civis." A Comissão Europeia é o braço Executivo da União Europeia.

ATAQUE À SÍRIAO míssel Tomahawk

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