Folha de S. Paulo


Boca de urna indica vitória de candidato da oposição no Equador

Rodrigo Buendia - 05.fev.2017/AFP
O candidato à Presidência do Equador Guillermo Lasso durante debate no último dia 5
O candidato à Presidência do Equador Guillermo Lasso durante debate, em Quito

Segundo a pesquisa de boca de urna divulgada logo após o fechamento dos centros de votação no Equador, o candidato opositor, Guillermo Lasso, 61, está à frente do governista Lenín Moreno, 64.

Os números do instituto Cedatos, o mais confiável do país, apontam 53,02% para o conservador Lasso, contra 46,98% do esquerdista Moreno. A margem de erro é de 2,2%, segundo o organismo.

Assim que conheceu o resultado da boca de urna, Lasso deu declarações a seus apoiadores. "Hoje nasceu um novo Equador, um Equador que é de unidade, e que vai respeitar as diferenças políticas, sociais e sexuais."

Já Moreno pediu calma e que se esperassem os resultados oficiais. "Estou confiante de que a campanha que fizemos, recorrendo todo o Equador, dará resultados".

Os primeiros números oficiais, porém, estão previstos para as 20h (22h em Brasília).

Segundo Juan Pablo Pozo, presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), o comparecimento às urnas foi de 74,82%, considerado alto em um país caracterizado pela abstenção.

A partir das 16h (18h em Brasília), pessoas começaram a se aglomerar na frente da sede do CNE, que no primeiro turno foi centro de polêmica por demorar muito em divulgar o resultado. "Estamos aqui não por um candidato ou outro, mas para defender a democracia no Equador", disse à Folha o estudante Luiz Cevallo, 24.

CAMPANHA

Nas últimas semanas de campanha, Lasso manteve o foco na tentativa de mostrar que o modelo "correísta" já não se ajusta mais à nova economia mundial, que são necessários ajustes e redução do número de impostos.

Também prometeu abrir mais a economia e devolver a liberdade de imprensa aos meios –muito vigiados e constantemente processados durante os anos Correa.

Numa tentativa de ampliar sua base eleitoral, Lasso fez acenos à esquerda, que tem reservas a seu nome pelo fato de ser contra o aborto e contra o matrimônio gay.

Enquanto isso, Moreno reforçou que daria continuidade às políticas de assistência social, construção de moradias e ampliação do sistema de saúde. Evitando confronto direto com seu padrinho político, Moreno afirmou que seus estilos são diferentes, tentando deixar claro que não se mostraria tão autoritário e centralizador como Rafael Correa.

"Quando ele assumiu, o país estava devastado, e precisava de uma liderança mais confrontativa. Eu sou diferente, comigo se pode dialogar", disse Moreno a jornalistas.

VOTO

Os três principais personagens desta eleição votaram pela manhã. No colégio San Francisco, em Quito, o presidente Rafael Correa foi recebido por aplausos e gritos de "Correa, amigo, o povo está contigo".

Na saída, disse a jornalistas que a América Latina "vem vivenciando uma reação conservadora nos últimos anos e as eleições equatorianas são muito importantes para ver se essa tendência continua ou se a tendência progressista retoma sua força".

Acrescentou que, por conta disso, a votação que ocorre hoje no país é importante "não apenas para a Pátria Grande (como se refere à América Latina), mas também para o mundo inteiro que nos assiste."

Correa também pediu calma aos grupos de eleitores, que nos últimos dias anunciam que farão atos assim que se fecharem as urnas caso suspeitem de fraudes ou outras irregularidades.

"Chamo a todos para que votem de modo massivo e com amor, não com ódio. Se as concentrações que estão sendo convocadas são para celebrar, não há problemas, se é para expressar ódio, nós as rejeitamos", completou.

Também em Quito votou seu candidato, Lenín Moreno, que também pediu calma aos eleitores e disse que "esperaria os resultados em paz". Afirmou também que estava seguro de que os equatorianos iriam preferir votar nele por "pensarem no futuro do país".

Já o oposicionista Guillermo Lasso votou em Guayaquil, seu reduto político, e afirmou que esta eleição marcaria uma mudança de rota para o país. "Será o segundo grito de independência do Equador, e se escutará em toda a América Latina".


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