Folha de S. Paulo


Após impeachment, ex-presidente Park Geun-hye é presa na Coreia do Sul

Xinhua
A ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye chega à Corte Distrital Central de Seul nesta sexta (31)
A ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye chega à Corte Distrital Central de Seul nesta sexta (31)

A ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye foi presa nesta quinta-feira (30), manhã de sexta-feira (31) na Coreia do Sul, após sofrer impeachment. Ela é suspeita de ter atuado com uma amiga para subornar grandes conglomerados empresariais.

"É reconhecido que existe uma razão e necessidade para a prisão já que as principais acusações foram verificadas e há um risco de que evidências sejam destruídas", afirmou a Corte Distrital Central de Seul, em um comunicado. Com o mandado, Park pode ficar detida por até 20 dias, pois ainda não foi condenada.

A sessão da corte que analisou o pedido de prisão feito pelo Ministério Público sul-coreano durou oito horas e 40 minutos, a mais longa do tipo na história do país. À corte, Park novamente negou ter atuado para subornar empresas e disse que não representa risco à investigação, pois não tentaria fugir nem destruir provas.

Ela foi levada para uma penitenciária em Uiwang, na província de Gyeonggi, a 24 km de Seul, onde também está Choi Soon-sil, a amiga acusada de extorquir doações de conglomerados como Samsung e LG, além de interferir em decisões do governo sem possuir um cargo oficial.

Além de Park e Choi, assessores presidenciais e o líder do Grupo Samsung, Lee Jae-yong, também estão presos e aguardam julgamento.

A investigação concluiu que Park obteve uma soma de quase US$ 70 milhões de conglomerados empresariais para duas fundações controladas por Choi em troca de favores políticos. A Samsung, por exemplo, é acusada de pagar propina em troca da aprovação do governo de Park da fusão de duas afiliadas, em 2015.

Park alega que as empresas doaram voluntariamente o dinheiro e afirmou desconhecer qualquer atividade ilegal de Choi ou de assessores. Ela é a terceira presidente sul-coreana a ir para a prisão —nos anos 1990, Roh Tae-woo e Chun Doo-hwan foram presos por participação em um golpe de Estado em 1979.

A ex-presidente pode ser condenada à prisão perpétua se for considerada culpada de ter aceitado suborno, a mais grave das acusações contra ela. Outras incluem ter permitido que sua amiga Choi interferisse em assuntos de Estado e a ação do governo no naufrágio da balsa Sewol, que matou 250 estudantes em 2014. Pais de vítimas e a população consideram que Park não fez o suficiente após a tragédia.

Além do suborno, os deputados incluíram no processo a ação do governo no naufrágio da balsa Sewol, que matou 250 estudantes em 2014. Pais de vítimas e a população consideram que Park não fez o suficiente após a tragédia.

NOVAS ELEIÇÕES

A destituição de Park, consumada no dia 9 após a Corte Constitucional confirmar o processo de impeachment votado no Parlamento, retirou a imunidade da mandatária, abrindo caminho para que ela seja investigada criminalmente.

Eleita em 2012, ela foi a primeira presidente a ser deposta em um impeachment desde a divisão da Península Coreana, em 1948. O único a passar por processo similar foi Roh Moo-hyun, absolvido pela Justiça em 2004.

O primeiro-ministro Hwang Kyo-ahn continua como presidente em exercício até as novas eleições, marcadas para o dia 9 de maio.

Entre os principais nomes cotados para a sua sucessão estão o opositor Moon Jae-in, seu rival na disputa à Presidência em 2012, e o ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ainda sem partido.

Com a deposição, a ex-presidente deverá terminar seus 43 anos de carreira política, iniciada sob a ditadura de seu pai, Park Chung-hee. Ela se tornou primeira-dama após sua mãe, Yuk Young-soo, ser assassinada em um atentado contra o então líder em 1974.

Cinco anos depois, ela perdeu o pai, assassinado pelo próprio chefe de inteligência. Park Chung-hee é considerado o responsável pelas bases do desenvolvimento social e econômico sul-coreano.


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