Folha de S. Paulo


'É preciso dar voz aos jovens para que não se radicalizem', diz líder islâmico

As comunidades islâmicas devem dar voz aos jovens para que não se tornem radicais. Essa é a opinião de Jehangir Malik, CEO da organização humanitária Muslim AID em uma vigília realizada na Trafalgar Square.

A praça, tradicional palco de manifestações em Londres, fica próxima de onde aconteceu o ataque na tarde desta quarta-feira (22).

"É importante que eles tenham voz. Os jovens não podem ter medo de falar, de se expressar politicamente. Reprimir o discurso só traz alienação e leva esse tipo de visão para a clandestinidade. A democracia tem que permitir o debate e a discussão de ideias para seguir adiante", disse.

"Nossa organização trabalha com jovens, detentos, pessoas em situação de rua etc. Nós trabalhamos com igrejas e pessoas de todos os tipos de fé. Parte do trabalho dentro da comunidade islâmica é trabalhar com os jovens", disse.

Para o paquistanês Jawad Qamar, da Ahmadiyya Muslim Community, a comunidade muçulmana deve ter um papel ativo na promoção dos valores de paz do islã.

"Nós estamos aqui hoje para mostrar que o islã é uma religião de paz e que nós estamos todos juntos. Nós apoiamos a todos os que foram afetados vítimas."

Segundo ele, é importante que líderes políticos reforcem o discurso de união para evitar retaliações aos muçulmanos. "Os atos de uma pessoa não podem se refletir em toda uma comunidade", completou.

Mais cedo, a polícia de Londres identificou o britânico Khalid Masood, 52, como autor dos ataques. Segundo a polícia, Masood não era alvo de nenhuma investigação em andamento e não há evidência de que ele planejava um ataque terrorista.

A primeira-ministra Theresa May afirmou ao Parlamento que o autor do atentado havia sido investigado anos atrás pelo serviço secreto britânico. Embora as razões para o ataque ainda não tenham sido divulgadas, a organização terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atos.

SEGURANÇA

Um forte esquema de segurança foi montado nas imediações da praça para a realização da vigília. O acesso de veículos bloqueado e houve incremento do efetivo policial, incluindo policiais armados e unidades caninas.

O ato reuniu milhares de pessoas na região central de Londres teve a participação de lideranças religiosas e do prefeito Sadiq Khan. Ele voltou a dizer que os londrinos não serão intimidados por terroristas.

Além de Kahn, falaram também o comissário Craig Mackey da polícia de Londres, que disse que a presença da população mostra a verdadeira natureza da cidade.

"Pessoas tentaram destruir esta cidade com atos de terror muitas vezes. Eles nunca conseguiram e nunca vão conseguir", disse.

Já a ministra do Interior, Amber Rudd, afirmou que "terroristas nunca vão nos derrotar".

Velas foram acesas em um pequeno altar com flores nas escadarias que levam à National Gallery. Durante a vigília os presentes respeitaram um minuto de silêncio em memória das vítimas do ataque.


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