Folha de S. Paulo


Diretor do FBI diz que Rússia quis prejudicar Hillary e ajudar Trump

Em audiência no Comitê de Inteligência da Câmara, o diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, disse nesta segunda-feira (20) que a Rússia queria, durante as eleições de 2016, prejudicar a então candidata democrata Hillary Clinton e ajudar Donald Trump.

"Eles queriam ferir nossa democracia, feri-la [Hillary] e ajudá-lo [Trump]", disse Comey, que conduz uma investigação no FBI sobre a suposta interferência de Moscou no processo eleitoral.

Joshua Roberts/Reuters
O diretor do FBI, James Comey, depõe em comitê do Senado dos EUA sobre o caso de San Bernardino
O diretor do FBI, James Comey, depõe em comitê do Senado dos EUA sobre o caso de San Bernardino

"Putin odiava tanto a secretária [ex-secretária de Estado] Clinton que, por consequência, ele tinha uma preferência clara pela pessoa concorrendo com alguém que ele odiava tanto", completou.

Na audiência desta segunda, o diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA) Mike Rogers, no entanto, negou ao ser questionado pelo presidente do comitê, o republicano Devin Nunes, se Moscou teria alterado os resultados em seis importantes Estados onde Trump ganhou, entre eles Pensilvânia, Michigan e Flórida.

Comey também confirmou pela primeira vez, nesta segunda, que o FBI está investigando possíveis contatos entre membros da equipe de campanha de Trump e Moscou durante o processo eleitoral, como parte da investigação sobre a possível influência russa nas eleições de 2016. O jornal "New York Times" revelou, em fevereiro, que agentes de inteligência tinham encontrado provas de contatos da equipe de Trump com o governo de Putin.

"Isso [trabalho do FBI] inclui investigar a natureza de qualquer ligação entre indivíduos associados com a campanha de Trump e o governo russo e se houve alguma coordenação entre a campanha e os esforços russos", afirmou.

GRAMPOS

Em outra revelação ruim para o presidente, Comey disse não ter provas que comprovem a acusação de Trump de que seu antecessor, Barack Obama, o teria grampeado durante a campanha eleitoral.

"Não tenho informações que apoiem aqueles tuítes", disse Comey ao ser questionado sobre as declarações feitas por Trump em quatro postagens em sua conta no Twitter no último dia 4.

Segundo ele, Obama não poderia ter ordenado espionagem sobre Trump. "Nenhum indivíduo nos Estados Unidos pode conduzir espionagem eletrônica sobre ninguém", disse Comey.

Sem apresentar provas, o presidente afirmou, na época, que Obama teria espionado a Trump Tower no ano passado. "Como o presidente Obama foi tão baixo a ponto de grampear meus telefones durante o sagrado processo eleitoral. Isso é Nixon/Watergate. Cara ruim (ou doente)!", escreveu.

Rogers disse ainda que não há evidências de que o governo Obama tenha pedido à inteligência britânica para espionar Trump -e que nem ele faria isso. "Isso seria expressamente contra o acordo 'Five Eyes' que está em vigor há décadas", disse Rogers, referindo-se ao acordo de cooperação em inteligência entre EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, assinado nos anos 1940.

A sugestão da participação britânica no suposto grampo, divulgada pela Fox News, foi replicada pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, no que se tornou uma saia justa com o Reino Unido, um dos principais aliados de Washington. Spicer negou, na última sexta, que a Casa Branca tenha pedido desculpas ao governo britânico pelas declarações.


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