Folha de S. Paulo


Pai diz que filho estava sob efeito de drogas ao fazer ataque em Paris

Benjamin Cremel - 18.mar.2017/AFP
RAID police unit officers secure the area at the Paris' Orly airport on March 18, 2017 following the shooting of a man by French security forces. Troops at Paris' Orly airport on March 18, 2017 shot dead a man who tried to grab a soldier's weapon, triggering a major security scare that shut down the airport and left thousands of travellers stranded. Nobody was hurt in the incident which comes as France remains on high alert following a series of jihadist attacks that have claimed over 230 lives since January 2015. Prosecutors said they had launched an anti-terrorism investigation. / AFP PHOTO / Benjamin CREMEL
Policial patrulha aeroporto de Paris-Orly após homem atacar soldado e ser morto em seguida

O pai de Ziyed Ben Belgacem, o homem morto no aeroporto de Orly depois de tentar roubar a arma de uma militar, declarou neste domingo (19) que seu "filho nunca foi um terrorista".

"Meu filho nunca foi um terrorista. Nunca rezou e bebe álcool. E sob o efeito do álcool e da maconha aconteceu o que aconteceu", declarou o pai de Ben Belgacem após ser liberado pela polícia, que o interrogou durante várias horas.

Por sua vez, o irmão e o primo de Ziyeg Ben Belgacem, um francês de origem tunisiana, continuam sendo interrogados pela polícia.

O incidente ocorreu no sábado (18) por volta das 8h30 locais (4h30 em Brasília). Belgacem tentou pegar a arma de uma jovem soldado, ela se defendeu, os dois caíram e brigaram no chão. Em seguida, ele foi morto a tiros por outros soldados.

Junto ao corpo, os policiais encontraram um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islã, e 750 euros.

Após o ataque, o aeroporto foi fechado e mais de 3.000 pessoas foram retiradas do terminal sul às pressas. No domingo (19), Orly funcionava em ritmo praticamente normal, embora ainda registre alguns atrasos devido ao reforço dos procedimentos de segurança.

Horas antes de ser morto, Belgacem esteve envolvido em outro confronto: ele atirou em um policial para escapar de uma blitz no norte de Paris e fugiu em um carro roubado, encontrado perto de Orly.

"No sábado ele me telefonou às sete ou oito da manhã. Estava extremamente nervoso, nem mesmo sua mãe conseguia entender. Ele me disse: 'Pai, peço perdão, fiz uma estupidez com um policial'", contou o pai de Ben Belgacem.

"Eu respondi a ele que não, não te perdoo porque você atacou um policial", contou à radio Europe 1.

O pai tentou saber onde seu filho estava, mas Belgacem disse apenas "na estrada" e desligou.

Preocupado, o pai, junto ao seu outro filho, se dirigiu à delegacia para contar às autoridades o que estava acontecendo.

"Quando cheguei à delegacia, percebi que a polícia tinha feito o seu trabalho. Não me disseram diretamente que ele havia morrido. É terrível, mas o que eu posso dizer? As más companhias, as drogas... No final, sou eu quem sofre" as consequências, declarou o pai do agressor.

Um primo do atacante também se apresentou voluntariamente na delegacia de polícia no sábado. Na noite anterior esteve com ele em um bar na periferia de Paris.

Os investigadores tentam esclarecer o perfil psicológico de Ziyed Ben Belgacem, morto aos 39, com antecedentes criminais por delitos comuns que havia mostrado sinais de radicalização.

Sua necropsia, que será realizada neste domingo (19), permitirá determinar se estava sob a influência de álcool ou drogas no momento dos fatos.

Durante o ataque, Belgacem gritou: "Abaixem as armas! Coloquem as mãos na cabeça! Estou aqui para morrer por Alá. De qualquer forma vão ocorrer mortes".

O Ministério Público abriu uma investigação por tentativa de homicídio, tentativa de assassinato a pessoas depositárias da autoridade pública em relação a uma organização terrorista, assim como associação delitiva terrorista criminal.

O ataque ocorreu a um mês da eleição presidencial, em um país que se encontra há mais de dois anos sob ameaças terroristas e em estado de emergência.


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