Folha de S. Paulo


Homem é morto após tentar roubar fuzil de militar em aeroporto de Paris

Benoit Tessier/Reuters
Police at Orly airport southern terminal after a shooting incident near Paris, France March 18, 2016. REUTERS/Benoit Tessier ORG XMIT: PAR358
Policiais no terminal sul do aeroporto de Paris-Orly, fechado após um incidente na manhã deste sábado

Um homem foi morto após tentar roubar um fuzil de uma militar no aeroporto de Paris-Orly na manhã deste sábado (18). Não houve feridos.

"Deponham as armas! Ponham as mãos na cabeça! Estou aqui para morrer por Deus. De qualquer forma haverá mortos", disse o francês Ziyed Ben Belgacem, 39, segundo o procurador de Paris, François Molins.

O incidente ocorreu por volta das 8h30 locais (4h30 em Brasília). Belgacem tentou pegar a arma de uma jovem soldado, ela se defendeu, os dois caíram e brigaram no chão. Em seguida, ele foi morto a tiros por outros soldados.

Junto ao corpo, os policiais encontraram um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islã, e 750 euros.

Após o ataque, o aeroporto foi fechado e mais de 3.000 pessoas foram retiradas do terminal sul às pressas.

No endereço de Belgacem, foi encontrado cocaína, um facão e algum dinheiro em moeda estrangeira. As autoridades disseram que ele tinha nove registros em sua ficha criminal, relacionados a roubos e drogas, mas que não estava na lista de suspeitos de terrorismo. O pai e o irmão de Belgacem foram detidos.

Equipes de segurança fizeram buscas por explosivos no aeroporto, mas nada foi encontrado. O local voltou a funcionar parcialmente por volta das 13h30 no horário local. Orly é o segundo maior aeroporto de Paris.

Mais cedo, por volta das 6h50, Belgacem esteve envolvido em outro confronto: ele atirou em um policial para escapar de uma blitz no norte de Paris e fugiu em um carro roubado, encontrado perto de Orly.

A soldado que foi vítima do ataque era integrante da Força Aérea e fazia parte da Sentinela, operação militar responsável por patrulhar aeroportos e outros locais que podem ser alvos de terrorismo.

O grupo de reforço à polícia foi criado como resposta à série de ataques que deixou 130 mortos em Paris em novembro de 2015.

O governo francês fará uma investigação para definir se o caso foi um ato terrorista. O presidente François Hollande elogiou "a valentia" dos policiais e militares diante de um "indivíduo particularmente perigoso".

O incidente ocorre cinco semanas antes das eleições presidenciais, nas quais a segurança é um tema-chave.

"Nosso governo está ultrapassado, desconsertado, paralisado, como um coelho em frente ao farol de um carro", afirmou neste sábado a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, durante um comício no qual condenou "a covardia de toda a classe política diante do fundamentalismo islâmico".

O primeiro-ministro, Bernard Cazeneuve, criticou as declarações e pediu à líder da Frente Nacional que se comporte com "dignidade". "A senhora Le Pen opta pela ofensa" diante de um "acontecimento grave", disse.


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