Folha de S. Paulo


Síria diz ter derrubado avião israelense após ataque; Israel nega

Ariel Schalit - 29.dez.2016/Associated Press
Caça F-15 da Força Aérea de Israel durante voo em cerimônia de graduação de pilotos, em dezembro
Caça F-15 da Força Aérea de Israel durante voo em cerimônia de graduação de pilotos, em dezembro

Caças israelenses atacaram vários alvos na Síria na madrugada desta sexta-feira (17), o que provocou uma resposta antiaérea e a interceptação de um míssil lançado contra o território de Israel, no incidente mais grave entre os países desde o início da guerra civil na Síria, em 2011.

O Exército sírio afirmou ter derrubado um dos aviões militares israelenses, além de ter atingido outro, mas Israel negou a informação.

Em um comunicado publicado pela agência estatal Sana, o Exército sírio afirma que os aviões israelenses "entraram no espaço aéreo às 2h40 (21h40 de Brasília, quinta-feira) pelo território libanês e atingiram um alvo militar perto de Palmira".

"Nossa defesa aérea derrubou uma aeronave, atingiu outra e obrigou as demais a fugir", afirma o comunicado.

Israel negou que um de seus aviões tenha sido derrubado. "A segurança dos civis israelenses e do aparelho da aviação israelense não foi ameaçada em nenhum momento", declarou à AFP o porta-voz militar, coronel Peter Lerner.

Um dos mísseis disparados em represália ao ataque da aviação foi interceptado pelo sistema israelense de defesa antiaérea, disse o Exército de Israel, sem revelar mais detalhes.

De acordo com a imprensa israelense, o míssil foi interceptado ao norte de Jerusalém pelo sistema de defesa antimísseis Arrow. O míssil tentava atingir um dos aviões de combate israelenses quando retornava da missão, segundo a imprensa.

Israel está oficialmente em estado de guerra há décadas com a Síria. As relações entre os dois países são ruins, sobretudo porque o regime sírio do ditador Bashar al-Assad é apoiado pela milícia libanesa Hizbullah, um dos grandes inimigos de Israel, em sua guerra contra os rebeldes.

Apesar de não tentar interferir no conflito do país vizinho, Israel já bombardeou várias vezes o território sírio.

Mas é incomum que o país confirme, como fez desta vez, os ataques. Em abril de 2016, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu admitiu que Israel havia atacado dezenas de comboios de armas na Síria destinadas ao Hizbullah.

Israel também acompanha com atenção o conflito sírio, já que existe a possibilidade de que o Irã, com o apoio da milícia libanesa, estabeleça posições no país vizinho e perto de seu território.

Além disso, Israel ataca com regularidade as posições sírias nas colinas de Golã, em resposta a supostos disparos de origem indeterminada provocados pelo conflito no outro lado da linha de demarcação.

Israel anexou em 1981 a parte do Golã (1.200 quilômetros quadrados) que ocupava desde 1967. A anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional, que considera o território como sírio. Um total de 510 quilômetros quadrados seguem sob controle de Damasco.


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