Folha de S. Paulo


Plano contra Obamacare avança em nova comissão da Câmara dos EUA

O Comitê do Orçamento da Câmara dos Deputados dos EUA aprovou nesta quinta-feira (16) o projeto do governo Donald Trump que pretende substituir o Obamacare, sistema de ampliação de assistência à saúde criado pela administração Barack Obama.

Apertado, o placar de 19 a 17 teve três deputados republicanos votando contra o projeto, além de todos os parlamentares democratas da comissão. Segundo um deputado republicano, Trump ligou para cada nome do partido pressionando pela aprovação da lei.

Os republicanos, que controlam a Câmara, esperam votar o projeto em plenário na próxima semana.

Win McNamee/Getty Images/AFP
O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, mostra detalhes da lei contra Obamacare
O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, mostra detalhes da lei contra Obamacare

Esta é a segunda vitória dos republicanos no Congresso para a aprovação da lei que irá desmontar o Obamacare. Na semana passada, o comitê da Câmara responsável pela tributação (chamado Ways and Means) também aprovara o projeto.

"Essa lei é uma visão conservadora para um sistema de saúde do livre mercado e centrado no paciente", disse a chefe do Comitê do Orçamento, a republicana Diane Black. "Ela desmonta as normas e impostos do Obamacare. Ela coloca as decisões de saúde de volta nas mãos de pacientes e médicos."

O Partido Republicano ainda não está seguro quanto ao número de votos necessários para a aprovação do projeto em plenário. Os republicanos têm 237 assentos, os democratas, 193.

O presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, desencorajou mudanças na lei defendidas por alas conservadoras do partido. "No final se resume a uma escolha binária" entre esta lei, que rejeita o Obamacare, e nada.

Nesta quarta-feira (15), porém, Ryan mudou o tom e disse: "Nós podemos fazer algumas mudanças necessárias e aperfeiçoamentos ao projeto".

Para os conservadores mais radicais do Partido Republicano, o Trumpcare está longe de abolir o que seria uma exagerada presença do Estado no sistema de saúde.

Apelidado por essa ala de "Obamacare Lite", o projeto é censurado por insistir no provimento de subsídios federais e na manutenção, mesmo redesenhada, de um sistema de créditos fiscais que representaria a criação indevida de um direito.

A oposição democrata argumenta que, com o fim do Obamacare, 24 milhões de americanos perderiam seu seguro de saúde nos próximos dez anos.

"Isso é Robin Hood ao contrário, mas muito pior", afirmou o líder democrata no Comitê do Orçament, John Yarmuth. Ele cita assembleias com cidadãos contrários à nova lei e diz: "Essa lei não é o que o povo americano quer".

O programa do governo Obama aumentou em 20 milhões o número de assegurados ao adotar medidas como obrigar que todos os americanos acima da linha da pobreza contratassem um plano básico de saúde e oferecer recursos federais aos Estados para ampliar o Medicaid, sistema público voltado aos mais pobres.


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