Folha de S. Paulo


Pulverização de votos deve dificultar coalizão após pleito na Holanda

As eleições holandesas serão vistas, nesta quarta-feira (15), como uma medida do crescimento do populismo de direita na Europa. França, Alemanha e possivelmente Itália votam mais adiante no ano.

Mas há outra grande história escondida nas dobras do pleito, para o analista Tom Louwerse: a fragmentação do espectro político.

"Não há mais grandes partidos", diz à Folha. "Só restaram as siglas de tamanho médio, sem ninguém exceder os 20% dos votos."

Emmanuel Dunand/AFP
Pedestres de Haia passam por cartazes dos diferentes partidos que concorrem à eleição na Holanda
Pedestres de Haia passam por cartazes dos diferentes partidos que concorrem à eleição na Holanda

Louwerse, da Universidade Leiden, é especializado em representação política e sondagens eleitorais.

Não será novidade que nenhum partido conquiste a maioria dos 150 assentos, necessária para governar sozinho. A Holanda é, afinal, tradicionalmente governada por coalizões.

Mas estas eleições marcam a extrema pulverização dos votos, contrastando com o cenário de 1986, quando os três maiores partidos tinham quase 90% do Parlamento.

Essa perspectiva significa que o PVV (Partido para a Liberdade), de Geert Wilders, dificilmente conseguirá governar. A sigla deve conquistar 20 assentos, mas seu extremismo afastará aliados às possíveis coalizões.

O cenário causa, diz Louwerse, muita incerteza nesse país, e as negociações entre os partidos podem se alongar. O processo pode durar em torno de três meses. Em 1977, foram 208 dias. Pequenas deserções nas coalizões podem derrubar o governo e levar a eleições antecipadas.

O PVV, com o discurso radical, é uma das razões para a fragmentação dos partidos, ao alimentar a narrativa de um cartel entre as siglas de elite.

Outra explicação, diz o analista, é o surgimento e consolidação de alternativas. "Há mais partidos que os eleitores podem considerar seriamente hoje." Partidos verdes, por exemplo, vêm se fortalecendo.

Concorrem nesta quarta-feira um total de 28 partidos, o recorde do país, entre eles siglas voltadas especificamente aos direitos dos animais ou dos aposentados.

Editoria de Arte/Folhapress

Projeção de cadeiras no parlamento - Segundo pesquisa Ipsos divulgada nesta terça (14)

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