O WikiLeaks compartilhará com empresas de tecnologia informações exclusivas sobre as armas cibernéticas da CIA (serviço secreto americano), afirmou nesta quinta-feira (9) o fundador do site, Julian Assange.
De acordo com Assange, que concedeu uma entrevista coletiva on-line, a iniciativa do WikiLeaks ajudará as empresas a corrigir falhas e prevenir espionagem em seus aparelhos, a fim de "proteger as pessoas".
13.ago.2008/AFP | ||
Selo da CIA na sede da agência em Washington |
Depois que as firmas fizerem os reparos em seus produtos, disse ele, todas as informações em poder do WikiLeaks sobre os mecanismos de espionagem serão disponibilizados para o público.
O WikiLeaks vazou na terça-feira (7) cerca de 8.000 documentos feitos entre 2013 e 2015 que mostram detalhadamente armas desenvolvidas pela CIA para roubar informações de equipamentos eletrônicos no exterior e para transformar dispositivos em aparelhos de escuta.
Assange disse que o vazamento dos dados sobre vigilância é resultado de um "ato histórico de incompetência devastadora" da CIA, que manteve todos os documentos armazenados em um único lugar.
A CIA não confirmou a autenticidade dos dados vazados, mas funcionários e ex-funcionários do governo afirmaram a jornais americanos que os detalhes existentes nos arquivos indicam que eles são legítimos.
Em resposta à entrevista do fundador do WikiLeaks, a porta-voz da CIA, Heather Fritz Horniak, declarou: "Julian Assange não é exatamente um bastião da verdade e integridade. Apesar dos esforços de Assange e sua laia, a CIA continua a coletar intensamente dados de inteligência em outros países para proteger a América de terroristas estrangeiros, nações hostis e outros adversários."
Segundo informou a emissora CNN nesta quarta (8), A CIA está trabalhando com o FBI (polícia federal americana) para tentar descobrir os responsáveis pelo vazamento dos documentos e se o site tem mais informações confidenciais da agência americana.
Niklas Halle'n - 05.fev.2016/AFP | ||
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que vive desde 2012 na Embaixada do Equador em Londres |
Os documentos vazados mostram que a CIA tinha vírus capazes de ativar câmeras e microfones de smartphones, transformar smart TVs em pontos de escuta e obter dados de aplicativos criptografados, como WhatsApp e Telegram, antes do envio das mensagens.
Assange vive desde 2012 na embaixada do Equador em Londres para evitar deportação para a Suécia, onde é alvo de denúncias de abuso sexual. Ele nega ter cometido crimes e diz ser alvo de perseguição.